Rafal Olbinsk
Às 11.12h, nem minuto a mais nem a menos, chega ao hemisfério Norte o ciclo invernoso, o mesmo é dizer que ocorre o Solstício de Inverno. Por 88, 99 dias, reinará até ser destronado pelo Equinócio da Primavera. No hemisfério Sul, às avessas da metade redonda definida pelos pontos cardeais como a de cima da Terra, sucede oposto: iniciado à mesma hora, o Verão.
Quando o ‘círculo’ máximo da esfera celeste forma com o nosso equador ângulo de 23º e 8’, a declinação do sol extrema - atinge o mínimo para os do Norte, o máximo para os do Sul. A partir de hoje, a crescença dos dias é traduzida por adágio ouvido nas Beiras: “No dia de Natal, quem bem contar, bico de pardal irá achar”.
Povos antigos, incas, maias, egípcios, indianos e outros, sempre associaram ao acontecimento rituais marcantes. Os druidas, ao considerarem-no dia da fertilidade, proclamavam a necessidade das mulheres engravidarem naquela data; os asiáticos simbolizavam-na por um velho de alvas barbas e vestido de encarnado – primórdios do Pai Natal?
O Imperador Romano Constantino I mudou a significância do Solstício de Inverno: celebrado o nascer de Cristo e não o do sol. Seria o abraço ao Cristianismo do império nascido em Roma a condicionar toda a civilização dita ocidental em que vivemos. Mas isto já é lugar-comum a evitar, conquanto resuma verdade insofismável.
Setphen Lyman
Da literatura nossa, vem ao caso poema de Eugénio de Andrade.
O Inverno
Velho, velho, velho.
Chegou o Inverno.
Vem de sobretudo,
Vem de cachecol,
O chão onde passa
Parece um lençol.
Esqueceu as luvas
Perto do fogão:
Quando as procurou,
Roubara-as um cão.
Com medo do frio
Encosta-se a nós:
Dai-lhe café quente
Senão perde a voz.
Velho, velho, velho.
Chegou o Inverno.
CAFÉ DA MANHÃ
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros