Autor que não foi possível identificar
Ligou-lhe. Ela suspendeu o inspirar ao ver o nome inscrito no ecrã. Teclou no accept do telemóvel programado para inglês - cedilhas e acentos fora do menu. A voz, the voice, surgiu serena e colada ao ouvido. A dela contida quando lhe apetecia gritar:
_ Diz tudo! Não poupes nada. Clama o temor meu e teu. Propõe. Sugere. Não marques.
Odiavam data e hora como se consulta médica fosse o tratado. Vagos. Isentaram a cama telefonada de ais e gemidos ligados por ondas que não presentes e deles. Ausente fala vernácula ou insinuada e o falo presença. Sexo no diálogo dos espíritos sentidos. Por referir o oficiosamente não-sido que foi.
Ele falou da saudade, dos sinais que reconhecia um a um. A mulher contornou as curvas conversadas. Descreveu o bem-saber da partilha corpo-a-corpo. Da esplanada/esconderijo por opção da cumplicidade querida exclusiva. Do café, local remoto, sendo resmungona a atmosfera e pela mesma razão - a feitura do amor ocorre em qualquer lugar sem que ausência da pele nua seja empecilho. A fala e o falo falam-se em locais públicos. Sem escândalo porque íntimo o saber do par enquanto o diálogo escorre. Postura inatacável. Intimidade estreita nos lábios precisos e descolados. Húmidos. Temperados com o sal do suor invisível.
CAFÉ DA MANHÃ
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros