Jim Daly
Quando me sinto provocada nas minhas convicções, quando a revolta me embarga o verbo, quando se trata de ultraje aos elementares direitos dos cidadãos, procuro distanciar-me até o racional ganhar à subjetividade. «Reações a quente» não se harmonizam com quem sou. Prefiro diálogo esclarecedor ou, na impossibilidade de acontecer, exercitar análise crítica isenta de emoções.
O direito à saúde, à educação, à justiça são áreas sensíveis das quais não me distraio. Pela omissão de escritos meus sobre os sucessivos escândalos do administrar governamental nas prioridades sociais atrás referidas, que não subjaza o meu alheamento. Estive, estou, estarei (se amanhã acordar) centrada no respeito aos direitos humanos no mundo, em Portugal especialmente. A não esquecer que na passada terça-feira o nosso país foi eleito membro do Conselho de Direitos Humanos (CDH) da ONU para o biénio 2015/2017 numa votação recorde - nunca qualquer país recebeu um tão elevado número de votos para uma organização das Nações Unidas. Foi bonito. Soube a mel.
Vai o ano letivo a meio do primeiro período de aulas, educandos e educadores continuam desesperados por começo invulgarmente tardio do ano escolar. Professores saltitam de uma colocação escolar para outra, alunos sem aulas ou que já conheceram três professores numa só disciplina ficando dias-a-fio sem nenhum. Terramoto na educação. Terramoto na estabilidade de crianças e jovens que carecem de confiança nas escolas para o estudar ser estímulo e não roleta russa. Terramoto nas famílias angustiadas perante sistema em descalabro.
Como acreditar na evolução de um povo quando o edifício educativo se alicerça em solo incompetente?
CAFÉ DA MANHÃ
Gennadiy Koufay H. Sorayama Robert McGinnis
2014
Ao despojamento íntimo chegou a mulher atual. Na pele, nada protege as margens que o rendilhado pequeno não cobre. Airosa sensação do nada que à própria tenta! Minimalistas por fora, mais complicadas que nunca por dentro. De tal modo elaboradas (baralhadas?) que 1/5 do bolo masculino lida mal com o desejo e a respetiva concretização. O Relatório sobre a Situação da População Mundial constata que Portugal tem uma das menores taxas de fecundidade mundiais, o que na prática significa que as mulheres portuguesas estão entre as que têm menos filhos. Neste relatório, as Nações Unidas admitem que “a falta de mão-de-obra ameaça bloquear as economias de alguns países industrializados”. As baixas taxas de fecundidade significam menos pessoas a entrar no mercado de trabalho, numa tendência que põe em causa o crescimento económico e a viabilidade da segurança social. A ONU diz que nalguns países mais ricos, a falta de jovens «significa incerteza sobre quem vai cuidar dos idosos e sobre quem pagará os benefícios dos mais velhos».” Sem atender às razões, esta é uma perspetiva utilitária da mulher enquanto parideira. Retrocesso. Outro: persistem diferenças entre os géneros nos prés frutos do trabalho. Outros ainda: desemprego, cinto económico que deixou para trás o último furo no aperto que homens e mulheres suportam, obrigam à emigração de portadores de canudos superiores e ao retorno da saída para a «estranja» dos indiferenciados nas habilitações literárias.
1994
À vontade na sexualidade, prestígio do corpo, magreza como valor estético, abordagem liberal nas relações dos homens e das mulheres. Elas conquistam maior terreno social, eles surpresos com os avanços femininos nos seus coios tradicionais. Os do masculino perdem nas universidades, na prestação de serviços e no domínio familiar; hesitam como prima-dona a quem a figurante ameaça roubar papel e protagonismo. Viram-se para a própria cas(c)a, aprendem a fruir de modo mais solto e gracioso dos afetos. Aventuram-se na ternura exposta. Chorar sim, se for esse o sentir.
1984
Elas tomam, maioritariamente, a iniciativa do divórcio, decidem quando, como e com quem geram filhos. Fazem amor e odeiam a guerra. Das flores nascera símbolo de paz, continuava, continuou, o tempo de delírios comunitários induzidos por substâncias várias. O corpo tenta, seduz, arrebata, mas persistem limites que a moral convencionada e os preceitos sociais injectaram como adição. A «roupa interior» diminui em tamanho sem cobrir o formatado desdém pelo estabelecido. Lá por fora, houvera Woodstock num descarado 69 e o pisar da Lua com repercussões tecnológicas também nos materiais e nos servidores automatizados das tarefas domésticas; por cá, na mesma época ou à volta dela, emigração maciça de indiferenciados, na literatura, o revolucionário e bíblico para a sociedade mais atenta “Novas Cartas Portuguesas” escrito pelas que viriam a ser conhecidas como “As Três Marias” – Maria Velho da Costa, Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta. Nos setenta e meio, o sonho de igualdade imediata no casulo e no trabalho feminino, a posse de máquinas de lavar trapos e louça, televisões a rodos, micro-ondas anos depois.
1954
Ousadas? Em Portugal, nunca, salvo as «delambidas»(...)
Nota: texto integral em http://www.escreveretriste.com/2014/01/da-frente-para-tras/
CAFÉ DA MANHÃ
Kathleen Scarboro
- Resgatados 19 mineiros soterrados em mina polaca devido a sismo.
- Vulcão indonésio Lokon voltou a entrar em erupção.
- Al Qaeda reivindicou atentados no Iraque.
- Malásia acusou oito seguidores do sultão de Sulu de terrorismo.
- Antigo ditador da Guatemala começou a ser julgado por alegado genocídio.
- Frota da Sea Shepherd regressou à Austrália reivindicando vitória sobre o Japão.
Estes são os títulos que na mesma página acompanham a notícia da decisão da ONU ao estabelecer 20 de Março como Dia Internacional da Felicidade. Valha-nos o bom senso do senhor Luciano Espósito Sewaybricker ao reconhecer o óbvio: não existe segredo para a felicidade, não existe sob a forma de pílulas à venda na farmácia, não é o consumo que a inclui no embrulho. Mais disse: _ “Atualmente, ser feliz tornou-se um peso. Temos que ser feliz. E quanto mais as pessoas querem ter a felicidade, mais elas se vão sujeitar a uma felicidade simplista. E esse movimento é potencializado face ao contexto em que vivemos, de uma sociedade que se organiza em torno do consumo.”
Incontestado é em Portugal e neste mundo caótico, as gentes raramente poderem fazer o favor de serem felizes’.
CAFÉ DA MANHÃ
Shinichi Noda, Sorayama, Mel Ramos
2011
Ao despojamento íntimo chegou a mulher actual. Na pele nada protege as margens que o rendilhado pequeno não cobre. Airosa sensação do nada que à própria tenta! Minimalistas por fora, mais complicadas que nunca por dentro. De tal modo elaboradas (baralhadas?) que 1/5 do bolo masculino lida mal com o desejo e a respectiva concretização. O Relatório sobre a Situação da População Mundial em 2011 constata que “Portugal tem a segunda taxa de fecundidade mais baixa do mundo, o que na prática significa que as mulheres portuguesas estão entre as que têm menos filhos.” Neste relatório, “as Nações Unidas admitem que «a falta de mão de obra ameaça bloquear as economias de alguns países industrializados». As baixas taxas de fecundidade significam menos pessoas a entrar no mercado de trabalho, numa tendência que põe em causa o crescimento económico e a viabilidade da segurança social. A ONU diz que em alguns países mais ricos, a falta de jovens «significa incerteza sobre quem vai cuidar dos idosos e sobre quem pagará os benefícios dos mais velhos».” Esta é uma perspectiva utilitária do homem e da mulher enquanto parideira sem atender às razões (texto publicado no SPNI a 24 de Outubro deste ano de 2011).
1991
À-vontade na sexualidade, prestígio do corpo, abordagem liberal das relações dos homens e das mulheres. Elas conquistando terreno social, eles surpresos com os avanços nos seus territórios tradicionais. Perdem nas universidades, na prestação de serviços diferenciados e no domínio familiar. Hesitam como prima-dona a quem a figurante ameaça roubar papel e protagonismo. Viram-se para a própria cas(c)a, aprendem a fruir de modo mais solto e gracioso dos afectos. Aventuram-se na ternura exposta. Chorar sim, se for esse o sentir.
1981
Elas tomam, maioritariamente, a iniciativa do divórcio, decidem quando, como e com quem geram filhos. Fazem amor e odeiam a guerra. Das flores nascera símbolo de paz, continuava o tempo de delírios comunitários induzidos por substâncias várias. O corpo tenta, seduz, arrebata, mas é contido por limites que a moral convencionada e os preceitos sociais injectaram como adição. A «roupa interior» diminui em tamanho, cobrindo, todavia, o suposto desdém pelo estabelecido. Lá por fora, houvera, década mais trio de anos antes, Woodstock num descarado 69; por cá, nos setenta e meio, a ilusão do «tasse bem».
Gil Elvgren, autor que não foi possível identificar
1951
Ousadas? Nunca, salvo as delambidas de intimidade descarada. Corpo impressivo, curvas exuberantes, cintura de vespa não isenta de similar do espartilho. Cinto de ligas, cintas, sutiãs inteiros, vestidos rodados e soquetes ou saias esticadas revelando desafiadoras nádegas. Para elas, as delambidas, aquelas que obliquavam o olhar aos maridos das «esposas modestas». Estas, aos trinta, pelo aspecto da «farda» eram velhas sensaboronas, passadas, mães de família com rolos na cabeça ou apressadas na rua com sacos de compras na mão. Ele saía pela manhã, ficando dela a retaguarda familiar. Pelo final da tarde, ele demiti-a da função no acto de meter a chave à porta. No dia seguinte, mais do mesmo. Pelo mundo, os fifties impavam no maravilhoso(?) mundo dos reactores nucleares.
Belle Époque
Espantoso período do avanço cultural e tecnológico europeu. Surge o telefone, o telégrafo, a primeira fábrica Ford e o primeiro dirigível de Santos-Dummont. Depois, a belle époque foi iluminada pela lâmpada eléctrica, pelos filósofos nietzschianos e pela sexualidade abordada por Freud. Conheceu a arte da imagem através do cinema, a arte do som através da rádio, a arte de fotografar através da fotografia colorida, a arte da pintura e da música através dos impressionistas. O espírito europeu estava elevado e com ele todos os sentidos que instigavam a produção cultural. À mulher é permitida a curiosidade e o acesso à formação intelectual superior. Tem espírito incendiado e corpo confinado a pouco mais que a procriação. A «roupa de baixo» é muita, grossa, grande e feita à mão.
Autor que não foi possível identificar
Intemporal
Arenga para comportamento antigo em tudo semelhante ao presente - dois seres humanos, o desejo, a união. Novo ser depois? Manda o acaso, a guerra e a paz, o bem estar económico, social e da família.
CAFÉ DA MANHÃ
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros