Quarta-feira, 19 de Dezembro de 2012

ALFABETO SOCIAL

 

Marinus van Reymerswael

 

Prospera a violência violenta (redundância deliberada). Culpados tradicionais: gente menor, segundo a escala social ABCDE. Num lugar brasileiro, li:
A - milionário
B - rico
C - classe média
D - pobre
E – favelado
 
Seja qual for a opinião, existem factos: ladrões ricos em «prisa domiciliária», larápios pobres na «prisa». Os desprotegidos vão dentro por nada ou muito; os «A» e «B» da escada social roubam mais que os «D» e «E», mas passeiam, regalados, no seu «mundinho» ou no mundo. Nuance: «Dês» e «Es» surripiam ninharias económicas, «As» e «Bês» milhões. E os banqueiros ajudam: oferecem créditos vultuosos aos endividados com muitos zeros. Vá um «C», limpo de dívidas, solicitar empréstimo modesto para criar o seu próprio emprego e a resposta é uma:
_ Não!
 
Depois, existem aqueles anúncios dos bancos que juram fazer a diferença: auxiliar empreendedorismo. Cantigas sem ‘páteo’. «Malapata» para quem confia. Sem volume de crédito justificado pelo estatuto, ajuda para sair do desemprego somente através de programas específicos nos Centros que congregam desocupados por obrigação.  Necessária persistência. Muita – a burocracia vigente desconhece «simplexes».
 
Odeio - termo forte usado em extremos - a mentira e a sedução hipócrita. Não me convencem posturas «boazinhas» que do cimo olham os vulneráveis. Como aquelas de alguns fazedores ou motivadores de notícias. Sobranceria difundida pelos jornais, lidos, «televistos» e ouvidos.
 
Num reflexo indevido, engulo a raiva, viro página, primo off no comando da sintonia. Os verdadeiros culpados? Gentes como eu.

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

publicado por Maria Brojo às 08:52
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Sexta-feira, 17 de Setembro de 2010

DÓ, RÉ, MI EM XILOFONES SÍNCRONOS

Walter Girotto, Wmb Hoyt, Perrin Sparks, Yossi Rosenstein

 

Mudanças boas. Assinaláveis por quem não desiste de observar acções e reacções sem Física que as comande. O estar social alterou-se e se, no início, obrigou a atitudes engasgadas porque novas, no presente, adaptação interior feita, palavras e gestos fluem naturalmente. Começou pela inocente pergunta sobre o bem-estar da Luisinha, coincidindo o acaso em encontro a sós com o marido. Ele titubeava até, a contra-gosto, revelar que estavam apartados, divorciados, que o «nós» deles era passado. Não sendo amigo-do-peito, o interlocutor agastava-se contra a língua comprida que não censurara. Mas tinha desculpa _ era o começo da banalização do conceito de 'novas famílias', 'famílias disfuncionais' associadas a divórcios, porque o casamento regia famílias perfeitas, tocando dó, ré, mi em xilofones síncronos. Engano sabido, quando assinar papel era registo de propriedade pelo qual os nubentes esperavam acrescentar marquises e remodelar cozinha e sala e quarto, na modelação progressiva do parceiro/apartamento sem precisarem de autorização camarária e com o gostinho perverso da clandestinidade, olhada de fora a relação casada/casa. Mas os humanos não são propriedade/hipoteca para a vida. Ser equiparado a prevista marquise de alumínio a muitos não serve. E vêm quezílias de fundo quando o parceiro é impossível de remodelar para obedecer ao design previsto pelo cônjuge. E o sonho de contrato para a vida a troco de cavalos muitos em dois nos lugares da garagem e segunda habitação e filhos de pais com amuos mas que ficam juntos sempre e acima de tudo o que separa e destrói gosto, vai sendo triturado pela ilusão das felicidades urgentes, estas, sim, as 'tais'. Mas, vezes algumas, não, apenas novo apartamento com oculta lavandaria-projecto consubstanciada no arranjo progressivo do outro, ainda que suma espaço da cozinha/parceira.

 

Duas mulheres conversam. Podiam ser homens. Aproxima-se terceira amiga. Com riso vero, é dito:

_ Surpresa! Vou ser avó.

Abraço forte, beijo na face, resposta:

 _ De quantos meses está a Carolina?

_ O bebé deve nascer em Fevereiro.

_ Parabéns, minha querida. Beijinhos para a nossa menina.

_ Não te esqueças que fará 26 e vão longe os 14 em que a conheceste.

_ Já? Passa tempo e nós ficamos; renovam-se vidas. Que maravilha!

Por questionar se a Carolina casou. Que importa? Vai ser mãe a menina mulher e a família com ela. Gente feliz limpa de mofo.

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

publicado por Maria Brojo às 07:18
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Segunda-feira, 10 de Maio de 2010

FALAS DELES

Olivia de Berardinis

 

Mal saem de casa, ficam solteiros _ basta perfume de mulher inundar-lhes as narinas. Nas idas e vindas para o emprego, alongam o olho para a cabeleira ruiva ao volante do carro ao lado na fila de trânsito. Fantasiam pequeno-almoço com ela. Guinam, azucrinam quem os segue, piscam quando a ruiva piscou se ela, notando-os, não exibe enfado. «Vêem-na» de pernas e pés nus fora da janela da viatura, ali mesmo nos semáforos de Entre Campos. Saia para cima e pormenor em renda pendendo dos dentes deles. Epopeia individual prosseguida no elevador. A Lina da tesouraria comprime a fartura do peito nas costas dele. Repartido entre sim e não. A Paula, estagiária, não oculta mamilos empinados e vinte centímetros de barriga de veludo. Ele acusa para os botões: _ “É pecado uma miúda sair de casa nestes preparos!” Ainda ela sorri e o cumprimenta com timidez, sabendo apenas da sedução que inspira, já ele a imagina espalmada contra a parede e lambendo a lisura do ventre. Ouve-a:

_ Bom dia! Precisa de mim agora?

Silêncio aterrado. Apetite:

_ Estenda-se na secretária e não faça nada. Trato de si.

Mas não. Os neurónios vencem a guerrilha. Articula:

_ Verei ao chegar.

No andar/destino, para a secretária:

_ Conceição, traga-me os documentos de ontem.

Até ao gabinete, ela pisa sexo com os saltos no encalço da ordem. Selados às costas da mulher, olhares. Colegas irónicos ou reprovadores invejam a sensualidade rija e selvagem que a miúda não censura; eles vidrados na sorte do director. Enquanto isso, a Carla do rabo grande recebe sms: “sonhei contigo em duche a dois!”

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

publicado por Maria Brojo às 06:44
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