Yvonne Gilbert
A todos os pais e, em particular, aos arredados dos filhos pela conjunção da vida, presto homenagem. É ido o pensamento de pertencer à mãe a maior responsabilidade no crescimento de uma criança. Na sociedade que temos, ninguém com nível mínimo de análise conceptual pode negar que a figura masculina, consubstanciada no pai, ou quem dele pelo amor e dádiva faça a vez, é essencial para que o ser humano evolua harmonioso.
Nós, mulheres, quantas vezes sobrevalorizando o papel de mãe em detrimento do pai, temos por obrigação respeitar e valorizar o homem que connosco gerou os filhos tão amados. Superproteção das crianças pela figura materna e exclusivo exercício da autoridade pela figura paternal é erro crasso de que somos, maioritariamente, culpadas. Disto não beneficia ninguém. Mais digo: as mães que assim entendem o exercício do seu amor pelos filhos comprometem da família o bem-estar e o futuro. Delas, a culpa em fatia crescida, por que as crianças à injustiça são sensíveis e ainda mais ao desgaste repetido do pai amado. Cedo ou tarde, chegará o dia em que o erro - bem intencionado(?), erro porém - será pago com juros.
Vão difíceis os dias para a família. Ansiedades, cansaço, dificuldades várias, condicionam o comportamento que os pais têm por ideal. Porventura, a humildade do reconhecimento de fazerem o possível e disso darem conta pelo diálogo e pelo exemplo aos filhos é o que importa. E, sem culpas ou frustrações, vivamos a família com alegria e verdade.
Pais: recebam a minha sentida homenagem.
CAFÉ DA MANHÃ
Jim Daly
Recorrentemente, anda o país adulto mobilizado pelos «pipis» e «pilinhas» dos mais pequenos. Preocupa alguns pais de família que as escolas tenham papel mais ativo no esclarecimento de questões que a sexualidade sempre coloca aos humanos, sejam eles meninos de bibe ou adolescentes com hormonas irrequietas desaguando em borbulhas.
Recosto-me e sorrio ao deparar com genuínas convicções paternais de que a sexualidade desabrocha e concretiza-se de modo tão airoso e natural como borboleta de crisálida sob o olhar atento(?) e esclarecedor(?) dos «papás». «Papás» de hoje - baralhados jovens de setenta e oitenta - que peregrinaram (muitos sem rumo) pelos afetos e papéis e posturas e continuam, nalguns casos, tão baralhados como antes. Os mesmos pais que reclamam e esperam que a escola ensine os filhos a estudar, a perpetuar valores, a valorizar o empenho, a disciplina e responsabilidades pessoais. Porque não têm tempo, dizem alguns, delegam na escola competências que à família cabem e seria suposto a escola preservar.
Que tal os curadores da tradição e ideais de antanho optarem pela coerência? Sentindo a escola usurpar domínios reclamados como familiares, sejam responsáveis e cuidem destes e dos outros. Mudem de vida, senhores! Terão de ser menos carreiristas e workaholics. Mais intervenientes na formação dos filhos. Mais presentes no tempo de vigília e não cingidos ao beijo de boa-noite quando a criança já dorme. O fim-de-semana terá de gratificar e, em simultâneo, respeitar a prioridade do acompanhamento escolar efetivo. Detetar dificuldades e procurar a colaboração da escola para que a criança se sinta amparada e confie no sucesso. Nisto, como no resto, a coerência é bonita e tem recomendação.
CAFÉ DA MANHÃ
Pintar. Ilustrar sonhos. Se de crianças melhor sabe. Porque a ternura é muita, a técnica não é prioridade. A essência do ‘a fazer’ está na resposta a desejos verbalizados. Com infinito amor, escolher os pincéis e os óleos por estar decidida a escolha do tema - os infantes são mandantes.
Passada a adrenalina do novo, o interesse da tela dilui-se. Associar o feito a um conto, encaderná-lo artesanalmente e dar a ler à querida pequenada é ideia a alimentar. Palavras que da miudagem faça heróis e heroínas num mundo solidário, num mundo de encantamento.
Final feliz, sempre – desilusões a vida trará o que entender. E sem escamotear o lado triste do mundo, suaviza-lo como recurso ao entendimento de futuras aprendizagens sem a mesma doçura.
Ser criança é privilégio curto no tempo. Que a infância não seja estropiada por exigências em demasia, por incremento de espírito competitivo que não com o próprio, por disfuncionalidades familiares.
Os nossos filhos não têm no ADN gene que os obrigue a cumprir frustrações ou desígnios dos pais. Aceitar, ter como objetivo realçar o que de melhor a criança tem, exercer autoridade sem autoritarismos ociosos, dialogar muito, não fazer dos dias um «lufa-lufa» de obrigações sem tempo para o exercício do direito à brincadeira é preciso. E que o amor dos pais - escassos os incluídos neste enquadramento - não se traduza em primeiro lugar no objetivo de obter mais e mais metal vil. Se posto ao serviço de maior disponibilidade que acresça momentos de intimidade com as crianças/filhos,sim!
CAFÉ DA MANHÃ
Jim Daly
Quando me sinto provocada nas minhas convicções, quando a revolta me embarga o verbo, quando se trata de ultraje aos elementares direitos dos cidadãos, procuro distanciar-me até o racional ganhar à subjetividade. «Reações a quente» não se harmonizam com quem sou. Prefiro diálogo esclarecedor ou, na impossibilidade de acontecer, exercitar análise crítica isenta de emoções.
O direito à saúde, à educação, à justiça são áreas sensíveis das quais não me distraio. Pela omissão de escritos meus sobre os sucessivos escândalos do administrar governamental nas prioridades sociais atrás referidas, que não subjaza o meu alheamento. Estive, estou, estarei (se amanhã acordar) centrada no respeito aos direitos humanos no mundo, em Portugal especialmente. A não esquecer que na passada terça-feira o nosso país foi eleito membro do Conselho de Direitos Humanos (CDH) da ONU para o biénio 2015/2017 numa votação recorde - nunca qualquer país recebeu um tão elevado número de votos para uma organização das Nações Unidas. Foi bonito. Soube a mel.
Vai o ano letivo a meio do primeiro período de aulas, educandos e educadores continuam desesperados por começo invulgarmente tardio do ano escolar. Professores saltitam de uma colocação escolar para outra, alunos sem aulas ou que já conheceram três professores numa só disciplina ficando dias-a-fio sem nenhum. Terramoto na educação. Terramoto na estabilidade de crianças e jovens que carecem de confiança nas escolas para o estudar ser estímulo e não roleta russa. Terramoto nas famílias angustiadas perante sistema em descalabro.
Como acreditar na evolução de um povo quando o edifício educativo se alicerça em solo incompetente?
CAFÉ DA MANHÃ
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros