Robert McGinnis Nancy
Sendo moça casadoira não se me dava ser noiva de Santo António. Gostaria do ajuntamento de mais quinze vestidos brancos como companhia. Gostaria dos noivos alinhados em seu fato de «ver a Deus». Gostaria da cerimónia religiosa com pompa e circunstância na Sé de Lisboa. Gostaria de, após a função, ser aplaudida à saída pelas gentes curiosas. Gostaria de ser transportada com o já marido em ‘tuk tuk’ pela Rua da Prata até ao cimo do Parque Eduardo VII. Gostaria da comezaina animada na Estufa Fria sem nada ter organizado. Gostaria da presença dos ‘oito casais de oiro’, jovens nubentes em 1964 nas “Noivas de Santo António” e que contam meio século de união. Gostaria da festa sem ter gasto nela um cêntimo. Gostaria, se os saltos e o cansaço e as emoções permitissem, de anteceder as marchas populares no luminoso desfile na Avenida da Liberdade. Gostaria de contar a filhos e netos como fui estrela numa véspera do Dia de Santo António. Agradeceria ao finado Diário Popular que em 1958 inaugurou a tradição e à Autarquia de Lisboa que em 1997 a retomou após interlúdio desde 1974. Depois, sem remorsos nem pecado incutidos pela Santa Madre Igreja por copular na ilegitimidade, partilharia o leito com meu «esposo» dispensando lençol de cima durando o ato inaugural do aprovado ‘Enfim sós!’
CAFÉ DA MANHÃ
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros