Paritosh – “Duinpavers”
“Dia da Espiga” ou “Quinta-feira da Espiga” é uma celebração portuguesa que ocorre no dia da “Quinta-feira da Ascensão” com um passeio matinal, em que se colhem espigas de vários cereais, flores campestres e hastes de oliveira para formar um ramo, a que se chama de espiga. Segundo a tradição, o ramo deve ser colocado por detrás da porta de entrada e só deve ser substituído por um novo no dia da espiga do ano seguinte.
O dia da espiga era também o "dia da hora" e considerado "o dia mais santo do ano", um dia em que não se devia trabalhar. Era chamado o dia da hora porque havia uma hora, o meio-dia, em que tudo parava, "as águas dos ribeiros não correm, o leite não coalha, o pão não leveda e as folhas se cruzam". Era nessa hora que se colhiam as plantas para fazer o ramo da espiga e também se colhiam as ervas medicinais. Em dias de trovoadas queimava-se um pouco da espiga no fogo da lareira para afastar os raios.
A simbologia por detrás das plantas que formam o ramo de espiga:
CAFÉ DA MANHÃ
Da árvore vestida de carmim, ignoro o nome. Mas abunda na cidade, enfeita ruas anónimas, suaviza designs sóbrios dos serviços com verdes plantados na frente ou escondidos detrás – descerradas gelosias normalmente protegidas por telas espessas que cegam o exterior não se desconcentrem os servidores, emprestam colorido à cinza do ‘lufa-lufa’ diário.
A armadura de alumínio e aço revestido desenha, por baixo, o céu, por cima, o solo coberto de cubos maljeitosos e calcários a que é comum o nome de calçada. Falta basalto embutido para ser portuguesa com esplendor. Assim, é minimalismo projectado em ateliê de arquitectura paisagista. Mas gosto pelo bom gosto de filtrar o sol sem o encobrir – pecado isento de perdão seria apertar o entrançado de modo a eliminar calores próprios de épocas comandadas pelas rotações da esfera/pêra em torno do Sol.
Espaçadamente entreaberta para as colinas à beira denuncia redondos perfeitos de alfazema que impõem suspeita de manipulação laboratorial em detrimento das naturalmente espigadas e selvagens nos campos e quintais. Do Tejo p’ra cima, o lilás perfumado ainda é ausência. P’ras bandas do Sul já empina flores. O candeeiro, outros desenhados e plantados no lugar em tudo distintos, é simples, vulgar sem que infrinja de modo atroz a sedução ali sítio, jamais sitiada.
Magnólias. A folhagem é prova. Adolescência no porte, promessa impressiva em advires. Por ora, as pétalas suculentas não existem. Serão brancas, rosa ou aproximadas do grená? Ó minha árvore preferida a par dos jasmins, no momento palavra censurada na China não se arregimentem contestatários à ditadura, quando respondes à cor?
A primeira papoila do ano, as miúdas cor-de-fogo, os selvagens malmequeres na roda cerca dos troncos velhos de oliveiras novas. E o tempo passa e não saio dali. Sento-me à beira delas até o corpo sentir a água da rega. Vindos jardineiros rapar excedentes insubmissos ao desenho rígido do parque, desaparecem. Enquanto são, aproveito.
A brancura das pedras/fronteiras não impede o aproximar da água que corre para lugar algum que parece nenhum. Aves aquáticas compõem bordas.
Os limos, afinal e como era suspeita, são lábios últimos a desvendar. O pisar das pedras (cascalho gordo?), das madeiras permitem sentir nos pés diversidade de texturas. Felizes, detêm-se. Fotografam. As tábuas registam o momento pela sombra da mulher.
CAFÉ DA MANHÃ
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros