Acordar e procurar liberdade nos verdes ou tons outros para o primeiro café da manhã. Ler a revista semanal. Depois, ver montras inspiradas na doçaria, enfeites, presentes simbólicos de Natal. A criança que abrigo teve o deleite procurado. E a oficial saison natalícia começa hoje sem que restaurada a Restauração.
Inspirada, comprei vime simples para depois pintar.
Foi tempo de deambular por jardim vasto do século XVIII. Encontrei as bagas em falta e, conquanto me dessem arranjo em casa, ao olhá-las bem instaladas na lugar onde foram nascidas, fiquei sem coragem de larapiar o que muitos como eu desejam reter na memória ou nas imagens captadas.
Foi tempo de olhar o céu festivo, de guardar detalhes do visto, dos troncos renascidos, dos que não desistem de apontar o alto.
CAFÉ DA MANHÃ
Há três semanas e nica doutra, iniciada a temporada de aniversários dos que amo e me amam. Inaugurei-a a sete de Outubro, prossegue hoje, dia trinta, continuará a sete, a oito, a dezassete de Novembro, neste dia coincidem dois, para terminar a vinte e oito de Dezembro. Três foram passados em Junho e Julho. Mas esta, pelo número de aniversariantes, sim!, é a saison das festas com parabéns e mesas alindadas e velas e palmas e olhos luzentes pela alegria do momento e da família reunida.
Porque do teu o dia mal começa, lembro o de sete deste mês. Inaugurado com acordar preguiçoso, corpo alongado na cama, olhar posto no céu sem máculas brancas. Desjejum frugal como é comum no quotidiano, o gozo da escrita na hora seguinte, o "ala que se faz tarde" para bandas outras de Coimbra onde rostos amados prodigalizaram mais beijos, abraços, a quentura de carinhos. A pé pelas ruelas da Baixa Velha foram descobertos mimos arquitectónicos, antigos, revista a pressa das gentes nos afazeres. Santa Cruz, ali em frente, chamou. A fé entrou e houve orações sentidas, velas acesas com ternura e crença arrebatada. No dia, antecederam outros presentes.
Sendo mulher de hábitos, conquanto não raras vezes os pontapeie, gosto de presentear quem me gerou - escolhida a mala onde flor pontifica. O mel da cor também adoçou a manhã. No Nicola, reunião de amigos, mais doçuras e formosuras em gestos e palavras. Almoço feliz, histórias de idos, lágrimas pelas saudades dos que partiram, sorrisos após pela certeza de no lugar onde estão celebrarem, juntos, contentamento igual. Depois, foi tempo do regresso a Lisboa para o jantar com outros amores. E houve bolo saído da perícia de mãos femininas da terceira geração da família. E houve farófias, deleite que me entontece a gula, confeccionadas por outras mãos de jovem mulher igualmente amada e da mesma geração da anterior. Mas o ramalhete não estaria composto sem os mimos, as ternuras floridas nos olhares de todos.
Para ti, amor meu e de mais que compõem a nossa pequena família, neste alvorecer, ofereço-te uma das músicas do Ray mais ouvida quando conduzes. Sorrio ao ver-te seleccioná-la entre a panóplia de gravações que não dispensas. Apresentei-ta anos atrás. Se dela te cansares, passarei, de novo, a escutá-la como ouro da memória nossa. Para mim, como oferta recuada, “Ebony and Ivory”.
CAFÉ DA MANHÃ
Chris Peters, Gustave Courbet
Não sei quem escreveu, tão pouco se é dito popular, mas por voz amiga soube: “O Outono é a Primavera do Inverno”. Ora, implantado «calor de ananases» em cada dia nascido, garantindo os meteorologistas não haver perspectivas de nuvens que vertam o líquido que nos constitui e ao planeta em cerca de 70%, escasseia o bem maior. Em Bragança, é tempo de secura nos solos e nos ribeiros; a água potável em reserva apenas satisfaz as necessidades das 35000 pessoas afectadas durante mês e meio. Secura também nos pastos alentejanos. Dramática antevisão do que aos vivos espera daqui a décadas continuando desperdícios insanos.
Vozes se alevantam contra a entrada paga aos domingos nos museus. Por esta, estou de acordo com a decisão desde que duas horas, ou uma e meia antes do encerramento sejam, diariamente, gratuitas. Em Londres, Paris, Nova Iorque, Paris e noutros lugares o mesmo acontece desde que me lembro e não consta ter diminuído a afluência dos esfaimados por cultura ou dos curiosos. Mesmo considerando que se trata de países ricos cuja população tem nível de vida abissalmente melhor que o do nosso povo, os convénios com instituições, escolas entre elas, as horas gratuitas de visita previnem acesso a todos. Fosse substituído pelo transporte público a inundação de automóveis no regresso a casa, haveria ganho de tempo para visitar «à borla» um museu - está subentendida franja de compatibilidade nos horários. Depois, sábados e domingos também são dias para aproveitar horas da tarde em visitas graciosas, assim haja querer.
Nota: começa hoje e termina no domingo a Feira do Livro de Frankfurt – montra privilegiada para os livros escritos em português.
CAFÉ DA MANHÃ
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros