Segunda-feira, 21 de Novembro de 2011

VASIL E TUDO O MAIS

Bob Cole, autor que não foi possível identificar

 

Diz o poviléu, com razão, haver dias que melhor fora não sair da cama. Destes, cada um soma bastantes que recorda ou não conforme as historietas acontecidas. Não eu – esqueço os dissabores de modo a não entupir o baú da memória que prefiro cheio de lembranças boas. Porque recente, três dias atrás, registo dia fatídico. Acordada e mil projectos em frente, iniciei a manhã cumprindo um a um. Até ao dia meio, nada de extraordinário. A partir daí foi o caos: espelho retrovisor do lado esquerdo no chão avassalado por viatura descontrolada, fuga do condutor que a vinte metros vislumbrei mas que a (des)graça da miopia residual – protege-me da necessidade de lentes para o perto – impediu registo. Chegada à domesticidade, porta da arca do «combinado» decidiu preferir a cerâmica da cozinha a restar en su sitio como lhe cumpria. Liguei para a assistência técnica da AEG. Fui, prontamente, atendida. Dois técnicos, logótipos da marca escarrapachados nos blusões, olharam, remiraram e decidiram peça em falta. No dia, seguinte voltariam. Mas não. Cobraram trinta euros e nem papelucho oficial me lembrei de pedir, tantas as preocupações. Fiquei com o retrovisor e a porta da arca do «combinado» caídos. Cedo, não ocorressem mais desgraças, deitei-me procurando na leitura descanso. Qual quê?! Parcos minutos não eram passados, ouvi trambolhão. Antecipando o pior, não há duas sem três, averiguei o motivo do ruído. Arribada à cozinha, pé enfiado no aro dum cesto de verga enquanto a luz não surgiu, despenhara-se móvel de rodas contendo utensílios vários, condimentos, electrodomésticos pequenos, batatas, cebolas e alhos. Um esparramar jamais visto naquelas paredes. Resmoneei: _ Que se lixe! Amanhã, limpeza e arrumo. De regresso à cama, prossegui a leitura naquela: _ Se mais acontecer nas horas úteis de hoje, dou conta mas nem palha bulo.

 

Três dias depois. Os putativos técnicos da AEG, não o eram. Não encontro oficina, e se muitas contactei!, que me dê resposta em tempo útil ao arranjo do espelho exterior; encontrei o Vasil, bendito ucraniano duma AEG qualquer, que me dependurou a porta com eficácia e sem peça especial – dois parafusos bastaram. Arrumei os condimentos, batatas, cebolas, alhos e a restante parafernália de acessórios culinários. A esfregona mais a vassoura e a pá, manipuladas com precisão, fizeram o resto.

 

 ADORMECI ASSIM                                                                                     CAFÉ DA MANHÃ

 

Perrin Sparks

publicado por Maria Brojo às 01:02
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Sexta-feira, 17 de Setembro de 2010

DÓ, RÉ, MI EM XILOFONES SÍNCRONOS

Walter Girotto, Wmb Hoyt, Perrin Sparks, Yossi Rosenstein

 

Mudanças boas. Assinaláveis por quem não desiste de observar acções e reacções sem Física que as comande. O estar social alterou-se e se, no início, obrigou a atitudes engasgadas porque novas, no presente, adaptação interior feita, palavras e gestos fluem naturalmente. Começou pela inocente pergunta sobre o bem-estar da Luisinha, coincidindo o acaso em encontro a sós com o marido. Ele titubeava até, a contra-gosto, revelar que estavam apartados, divorciados, que o «nós» deles era passado. Não sendo amigo-do-peito, o interlocutor agastava-se contra a língua comprida que não censurara. Mas tinha desculpa _ era o começo da banalização do conceito de 'novas famílias', 'famílias disfuncionais' associadas a divórcios, porque o casamento regia famílias perfeitas, tocando dó, ré, mi em xilofones síncronos. Engano sabido, quando assinar papel era registo de propriedade pelo qual os nubentes esperavam acrescentar marquises e remodelar cozinha e sala e quarto, na modelação progressiva do parceiro/apartamento sem precisarem de autorização camarária e com o gostinho perverso da clandestinidade, olhada de fora a relação casada/casa. Mas os humanos não são propriedade/hipoteca para a vida. Ser equiparado a prevista marquise de alumínio a muitos não serve. E vêm quezílias de fundo quando o parceiro é impossível de remodelar para obedecer ao design previsto pelo cônjuge. E o sonho de contrato para a vida a troco de cavalos muitos em dois nos lugares da garagem e segunda habitação e filhos de pais com amuos mas que ficam juntos sempre e acima de tudo o que separa e destrói gosto, vai sendo triturado pela ilusão das felicidades urgentes, estas, sim, as 'tais'. Mas, vezes algumas, não, apenas novo apartamento com oculta lavandaria-projecto consubstanciada no arranjo progressivo do outro, ainda que suma espaço da cozinha/parceira.

 

Duas mulheres conversam. Podiam ser homens. Aproxima-se terceira amiga. Com riso vero, é dito:

_ Surpresa! Vou ser avó.

Abraço forte, beijo na face, resposta:

 _ De quantos meses está a Carolina?

_ O bebé deve nascer em Fevereiro.

_ Parabéns, minha querida. Beijinhos para a nossa menina.

_ Não te esqueças que fará 26 e vão longe os 14 em que a conheceste.

_ Já? Passa tempo e nós ficamos; renovam-se vidas. Que maravilha!

Por questionar se a Carolina casou. Que importa? Vai ser mãe a menina mulher e a família com ela. Gente feliz limpa de mofo.

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

publicado por Maria Brojo às 07:18
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