Sexta-feira, 13 de Janeiro de 2012

“SORTIDO FINO”

Gil Elvgren, Peter Driben

  •  “Portugueses percebem que Maçonaria serve para subir na vida e 700 mil desempregados deixam de fazer fila no Centro de Emprego e fazem fila na Loja Mozart. Bem dizia o grande Eça de Queiroz que Portugal é uma choldra. E não é que a secretíssima Maçonaria virou tema de conversa nos cafés, entre minis e tremoços, como se fosse o Benfica, sendo os membros da Maçonaria já tão conhecidos como Aimar, Saviola e Cardozo!

Todos os dias, surgem na TV e nos jornais, políticos e empresários com ar embaraçado, negando serem maçons e jurando a pés juntos nunca terem estado numa reunião maçónica. Porra, que exagero, até parece que são acusados de violar putos da Casa Pia na casa de Elvas! E os que se assumem maçons dizem que as reuniões se limitam ao convívio entre membros, como se a Loja Mozart fosse uma espécie de Alunos de Apolo, onde o António Arnaut dança o tango com o Luís Montenegro! O único motivo que deve embaraçar os maçons é que nas Lojas não há mulheres. Querem ver que afinal de contas os clientes do Finalmente não são gays, mas maçons? A.M

 

Comentário: _ Existem mulheres e muitas. Importância semelhante à masculina. E não, as Lojasnada têm de cafés dançantes, embora haja direito a bufete/convívio no final. Cada um contribui. Saber do visto, não da pertença o que também não teria a menor importância. Sublinhado apenas para legitimar objectividade. 

  • “Os resultados duma sondagem da Aximage para o Correio da Manhã dá o PSD com a maior impopularidade desde Junho de 2011. Como escreve o Jornal de Negócios, “há oito meses que a diferença de intenções de voto dos portugueses nos socialistas e nos social-democratas não era tão reduzida”

"As sondagens valem o que valem — fica sempre bem repetir o chavão. (…) Opiniões recolhidas entre 3 e 6 de Janeiro — isto é, antes dos acontecimentos terem ultrapassado o poder de controlo comunicacional do governo Relvas/Portas, perdão, Passos/Portas, e nomeadamente antes da Catrogada, dos sucessivos mini-escândalos de nomeações e da cena dos aventais (que, sejamos justos, afecta mais o partido laranja do governo do que o partido azul, e quase não machuca o PS, apesar da eventual maior preponderância de maçónicos neste).” 

  •  “António Capucho diz que o salário de Eduardo Catroga é "escandaloso" e vai reflectir-se na conta da electricidade. Este senhor que vai presidir este órgão, isso é que é um escândalo, vai ganhar 11, 12 vezes do que por exemplo, ganha o António Costa, presidente da Câmara de Lisboa, ou Rui Rio, Presidente da Câmara do Porto. Mais grave que isso é que se esquece de dizer que o vencimento dele, embora aquilo seja uma empresa privada, vai ser repercutido na factura de electricidade que me chega a casa todos os meses.” 

Comentário: _ Quem assim fala de gago nada tem. De telhados de vidro, nada sei.

  • Numa «têvê», Eduardo Catroga afirmou semelhante a isto: _ Não sei quanto vou ganhar na EDP. Não me movem critérios materiais, mas se a lei o permitir, acumularei o novo vencimento com a reforma.

Comentário: _ A vida dos pobrezinhos é um mistério!

  • “Os deputados suecos recebem cerca de €5400 mensais. Se viverem fora de Estocolmo, recebem um subsídio de refeição de €12; podem ficar, durante a semana, em pequenos apartamentos T1 disponibilizados pelo Estado, com cozinhas e lavandarias comunitárias; e não têm nem secretários, nem assessores, nem automóveis de serviço."

Comentário: _ Se, proporcionalmente com o nível de vida, cá nevasse como lá, a Assembleia esvaziava-se.

  •  Para desanuviar, que as reflexões anteriores são profundas (?!...).Verdade, verdadinha e acontecido com a Dobra do Grito.

Depois de um discurso em que usei a palavra arbitrário, pergunta pornta:

_ O que é isso do arbitrário?

_ Eu sei, eu sei (um ser enusiamado de braço no ar).

_ Então diga lá o que é.

_ Então, é aquela coisa que passa de pais para filhos!

 

Outra com idêntica fonte:

_ Oh professora, o que é um apóstolo?
(alma espera de dedo no ar): _ Eu sei, eu sei.
_ Então diga lá!
_ É aquele acento que se põe em cima das letras.

 

Sem comentários.

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

publicado por Maria Brojo às 09:39
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Terça-feira, 14 de Junho de 2011

À MÍNGUA DE BOTÕES

Peter Driben, Elvgren

 

Lugar-comum: cinco dias fora do mundo noticioso e, à chegada, nem respigo de novidade (à laia de novela, soe o dizer). Em tão curto intervalo de tempo, não esperava mudanças substantivas, convenho, mas nova de causar espanto que me arregalasse o olhar, afora aumento do número no rol de catástrofes, seria bem-vinda. Antes da partida, uma houve prestes a consegui-lo: criminalizar como assédio sexual piropos, encostos nos transportes e assobios endereçados às mulheres passantes. Entidade promotora: UMAR (União de Mulheres Alternativa e Resposta).

 

Exercício contrário: está um homem postado em seu sítio e mulher arrisca o piropo ou o roço. A suposta vítima de assédio não calaria uma de duas reacções: acedia alegremente ou ripostava com vigor. Se a mulher em idênticas circunstâncias não reage e se dá por presa coitada sujeita ao predador, culpa dela - é exemplo a resposta pronta e rápida, apanágio de dignas peixeiras que sabem pôr no lugar abusadores. Estes afastam-se, encolhidos, e elas nem um segundo mais dedicam à frivolidade.

  

Se a menina foi educada para silêncio que lhe preserve o pudor, se, mais tarde, a mulher não cresce no entendimento do seu papel social e é incapaz de defrontar com igualdade leves atrevimentos masculinos ou femininos, que também os há, não se lamurie, actue. Um tédio a mulherzinha sofredora! Que vá aos mercados e aprenda com as maiores. Que acabe com o estereótipo que lhe coage o estar: “odeio peixaradas!”. Faz mal - mão na cintura e língua afiada até vem a propósito sentida ofensa no espírito e na pele.

 

Depois, há a hipocrisia do ar enjoado quando arriba piropo sendo que a maioria de nós acha graça aos bem engendrados. E rimos por dentro ou ostensivamente como ontem me aconteceu. Frigorífico esvaziado, pousei malas e fui ao minimercado afavelmente aberto em dia feriado. Neste bairro que harmoniza extremos sociais, passei por idosos jogando damas no empedrado, bandos de homens à solta. Ouvi:

_ Ainda bem que não ganha o suficiente para comprar botões.

Lerda, percebi, era o instante passado. Saíra com a fatiota da viagem, túnica pelo joelho e generosas aberturas laterais que o vento alevantou.

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

publicado por Maria Brojo às 09:11
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