Claude Théberge
“Há Dias assim, as nuvens da manhã lançam lágrimas aos olhos, e mais tarde aqueces o corpo na varanda. As melodias soam longe, como se de outro mundo fossem, e são, maravilhosamente abertas de um azul profundo como o mar mais solto.
Há dias que o teu amor é só memória, é só tempo, sem ser agora, mas dias em que tudo se esconde sobre a sombra da luz da tarde, o ar que cheira a maçãs verdes, a água parada e o tojo queimado.
Há dias assim, mas não são todos, entre os troncos lisos dos choupos, o mar lá atrás sorrindo em ondas brancas de barba, as revoluções esquecidas, desinteressadamente.
Há dias que não existem porque são cópias de outros passados, os mesmos gestos, o mesmo tocar, o amor repetido como se fosse cassete de música — põe lá outra vez.
Há dias assim que só existem uma vez e nunca mais. Dias de um calor sufocante sobre a cidade silenciosa e coberta de uma luz vertical, dourada, branca, o mediterrâneo perdido na poeira levantada.
Há dias que antecipam outros dias, e dias que substituem outros dias, mais velhos, experientes do olhar do tempo, solitários e superiores por terem já sido.
Há dias que “se me contares toda a tua dor eu nunca mais irei sorrir”.* (…)”
Nota – Texto de Bernardo Vaz Pinto aqui.
CAFÉ DA MANHÃ
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros