Sexta-feira, 4 de Abril de 2014

DA ESTIMADA “ERA UMA VEZ”

  

Pierre Farel

 

"Pois é Maria...
De ‘partícula em partícula’, cheguei aqui, a este lugar para mim desconhecido mas por onde já me passeei.
De facto não encontrei nem a inveja nem "o resto" mas sim o estilo franco e habitual que já conheço.

Nem de propósito deparo com uma imagem que faz disparar todos os alarmes. Um homem e uma mulher fazem parte do encantamento da minha idade jovem, de um tempo em que descobria emoções e músicas e um desejado bom gosto.

Na altura adorei o filme, a música, o cão a correr na praia, o almoço com os miúdos, as mãos ansiosas, a corrida de Monte Carlo a Paris, e sobretudo o poder dos olhares, enfim um tratado de sedução devastador. Vi o filme do Lelouch (nunca soube se o ch se lê ou não) mais do que uma vez.

Passaram muitos anos.
Às vezes falava dele cá em casa. Há poucos anos, os meus filhos que nunca viram o dito, encomendaram o DVD que veio diretamente de Paris e ofereceram-me no aniversário.
Toquei no DVD como numa joia rara.
Depois tive medo, medo de inquinar uma memória tão deliciosa. Medo de que me parecesse ultrapassado, lamechas, sei lá.

Um dia enchi-me de coragem. Nenhum desencanto. Saudade apenas, confortei-me. Estava lá tudo o que me tinha encantado. A descoberta da bossa nova pelo marido duplo de cinema, sarava! Até isso. Um documento.

O ano passado, o filme AMOUR traz-me um Jean Louis, outrora "perfeito" envelhecido prematuramente... amando com o mesmo carinho, a mesma dedicação até à decisão heroica e controversa.
Até escrevi “por aí "sobre isto.

E assim... a prova de que de facto, o tempo passou...
Indiferente... apenas indiferente.”

 

Agora, escrevo eu. Obrigada, “Era Uma Vez” cujo rosto glorificado por sorriso aberto não esqueço. Escreve muito, muito bem. Põe a alma nas teclas. Não oculta o íntimo nem utiliza subterfúgios cínicos. O meu endereço de e-mail está ao cimo desta página. Atrevo-me a fazer-lhe um convite – escrever aqui sobre o que bem ou mal lhe apeteça. Teria muito gosto.

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

publicado por Maria Brojo às 06:59
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Terça-feira, 3 de Julho de 2012

ELBA

Pierre Farel

 

Estreia num cruzeiro pelo Mediterrâneo. Dúzia de dias de feitiço saberia depois. Vim a conhecer outros navios, mais sofisticados, imponentes, autênticos resorts flutuantes em mares suaves, poucos alterados. Mas foi o primeiro que contou. O sonho alcançado, a viagem mítica, a inexperiência de tudo constituiu novidade.

 

Antes, fora o emalar da trouxa cuidada, vestidos de noite, de cocktail, trajes de dia e de piscina, acessórios requintados e vários. Um «malão» onde nada fora esquecido segundo conselhos de marinheiros de repetidas viagens. Voo e embarque. O deslumbre. Arrebatada como criança a quem fora ofertado brinquedo novo, quis lá saber da bagagem! _ Os camaroteiros tratariam dos pertences. Percorri o navio de lés-a-lés, tentei descobrir numa só assentada os serviços, os meandros, a popa e a proa. E deixei-me ficar contemplando o mar que rodeava a ilha sobre ele.

 

Quatro dias não eram passados, ilha de Elba. Cheiro à Itália desejada. Peregrinei por ruelas e acabei nas compras. Não existindo o euro, provi-me de quantias razoáveis em notas de cada um dos países e cartão multibanco. Cheques, não arrisquei; arrecadados no cofre, alguns valores. Na véspera, a meio da tarde, previdente sacara as liras para a carteira que usaria no dia seguinte. Fascinada por uma mala de mão, decido comprá-la. Libras nem uma. Boquiaberta e sem refletir, entrego o plástico do dinheiro. Gesto automático, a funcionária enfia-o na máquina manual. Partiu-o até mais de meio. Com espontaneidade latina, olha-me espantada e depara-se com a minha infelicidade. Incapaz de balbuciar palavra, entendeu a desgraça, oferece-me a mala e acompanha-me à porta numa ladainha sem fim.

 

Até ao final da viagem, consegui levantar dinheiro por a fortuna ter estado do meu lado: a banda magnética não fora atingida. E as liras? Como haviam desaparecido? De regresso ao navio, encontro o camaroteiro. Peço-lhe que entre e relato o acontecido. Disse:

 _Claro que o culpado não é o senhor.

_ Quem sabe não teria sido eu a mudar de sítio as liras?

_ Ao aparecerem, tudo seria resolvido de forma pacífica e nada reportado ao comandante.

 

No mesmo dia, antes do jantar, as liras apareceram no bolso dum casaco que somente vestira no primeiro dia.

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

publicado por Maria Brojo às 11:41
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Segunda-feira, 18 de Junho de 2012

VOLTA LENTA

 

Desfile de moda. Manequins em confraternização se mudas ordens do coreógrafo - “vire aqui, espere dois «flashes» do fotógrafo, não cerre os dentes, exiba o penteado, volta lenta, dois passos à frente, volte ao centro, saia pela direita, seja clean.”

 

Muitas, elas, muitos, eles. O olhar peregrinou duns para outros na falaciosa tentativa de lhes engendrar histórias coincidentes com a realidade. Não tão falaciosa assim como as conversas entabuladas a duas provaram – privilegiei mulheres pelo ar contido do género masculino e pelo entendimento desviado que a iniciativa minha podia adquirir. Assumo ter obedecido a estereótipos antigos, civilizacionais, por não ir comigo o papel de «engatatona» de serviço no evento se catalogada por machos equivocados e desatentos na multiplicidade de opções femininas. Maçada costumeira.

 

Das mulheres, três foram rainhas pela riqueza interior. Soube de vidas com mais escolhos que alegrias e que, ainda assim, logravam sorrisos. Análises perfeitas dos íntimos, generosidade nas partilhas. Mais ouvi do que falei, salvo para alimento dos diálogos. Aprendi mais do que dei. Trocámos contactos. Gravei-os no telemóvel e no espírito. Deles farei uso. Querendo, de futilidade saborosa é construído conhecimento vital.

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

publicado por Maria Brojo às 12:08
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