Luis Castellanos
Chegaram dias cálidos e o amor rodopia «sem rei nem roque». A culpa é da anunciada primavera, dizem, conquanto o apogeu das euforias amorosas arribe lá mais para o verão. A culpa será então do Sol, da praia, do mar, dos corpos desnudos e das noites esticadas até ao amanhecer. Mas o denominador comum entre os arroubos primaveris e as tropelias estivais é a luz derramada sem a timidez dos outros ciclos.
Não fora a teima científica de tudo fazer hipótese a carecer de prova, e nem levaria mais longe esta arenga. A luz é o que é - feixe de fotões isentos de massa e prenhes de energia eletromagnética. Deslocam-se á velocidade que o respeitável Einstein declarou como limite, e são responsáveis, entre outras «minhoquices», pelo efeito fotoelétrico, fenómeno de muito arranjo, mais não seja pelas miraculosas portas que abrem ainda mal nos adivinham. Descrição pouco romântica e sem nada a ver com beijos e frissons eróticos.
Que a luz nos põe bem-dispostos e dá aos latinos genica extrovertida que surripia aos nórdicos, sabemos. Distribui energia positiva, é tónico para a saúde física e psíquica. Parece provado que dias ensolarados e tépidos expandem a afetividade e fazem de nós anjos batendo asas em voo direto ao paraíso dos múltiplos prazeres. Razão da luz ser olhada como adubo emotivo. Logo, fertilizante da paixão. Logo, réu no tribunal interior em que movem ações punitivas os desiludidos a quem a derradeira maré vaza levou o devaneio estival. O recente grande(?) amor. O estupor que mostrou ser depois (a ênfase dramática dá majestade a finais medíocres).
CAFÉ DA MANHÃ
“A língua que falamos não é apenas comunicação ou forma de fazer um negócio. Também é. Mas é muito mais. É uma forma de sentir e de lembrar; um registo, arca de muitas memórias; um modo de pensar, uma maneira de ser – e de dizer. É espaço de cultura, mar de muitas culturas, um traço de união, uma ligação. É passado e é futuro; é história. É poesia e discurso, sussurro e murmúrios, segredos, gritaria, declamação, conversa, bate-papo, discussão e debate, palestra, comércio, conto e romance, imagem, filosofia, ensaio, ciência, oração, música e canção, até silêncio. É um abraço. É raiz e é caminho. É horizonte, passado e destino.
Na era da globalização, falar português, uma das grandes línguas globais do planeta, que partilha e põe em comum culturas da Europa, das Américas, de África e da Ásia e Oceânia, com centenas de milhões de falantes em todos os continentes, é um imenso património e um poderoso veículo de união e progresso.
Neste dia, queremos festejar esses oito séculos da nossa língua, a língua do mar, a língua da gente, uma grande língua da globalização. Fazemo-lo centrados nesse dia e ao longo de um ano, para festejar com o mundo inteiro esta nossa língua: a terceira língua do Ocidente, uma língua em crescimento em todos os continentes, uma das mais faladas do mundo, a língua mais usada no Hemisfério Sul. Celebramos o futuro.”
“O "Manifesto 2014 -- 800 anos da Língua Portuguesa" é uma iniciativa que visa celebrar os oito séculos do português, tendo como base o testamento de D. Afonso II (1214), o mais antigo documento régio e oficial escrito em língua portuguesa.
A apresentação oficial do "Manifesto 2014" vai decorrer no Padrão dos Descobrimentos, em Belém. A cerimónia começará com a apresentação de 16 poemas dos oitos países da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) - Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste. Ao princípio da tarde, 800 crianças lançarão 800 balões para assinalar os 800 anos da língua portuguesa.”
CAFÉ DA MANHÃ
Duy Huynh
Começou a "Primavera Boreal" neste Hemisfério Norte. Ninguém diria: árvores com galhos débeis e secos, flores, poucas, em botões lascivos que perdem (ganham?) por tão pequenos e ocultos. Pela altura esta, deviam ousar exuberância, apelar ao ‘olhem para mim tão pronta e despudorada!’ Mas não. Os solos encharcados, sofrem indigestão pelos lagos que substituíram terreno firme. Água a mais, seiva a menos? E apetece brincadeira. Provocar os sinais. Pensar amores, diferenças (semelhanças?) entre homens e mulheres. Depois, unidos pela mão-na-mão, pelos lábios e corpos gulosos. É sempre assim chegado o tempo oficial _ oficiosamente, qualquer o é _ de todos os arrepios.
A última machadada na conceção sociológica dos géneros em vez de sexo feminino e masculino foi dada pela neuropsiquiatra Louann Brizendine ao defender que as características femininas e masculinas estão definidas no cérebro desde o nascimento. Os rapazes nascem programados para serem homens, as raparigas para serem mulheres. A testosterona exclui as ligações nos centros de comunicação do cérebro, enquanto o estrogénio aumenta essas conexões. Além disto, as regiões do cérebro responsáveis pela linguagem e pela expressão de emoções são maiores nas mulheres. Conclui que se as mulheres são faladoras, acusação frequente nas bocas masculinas, é responsável a química hormonal. Nela, circulam substâncias que lhes providenciam ao desabafarem sensação de prazer semelhante a orgasmo.
No livro “The Female Brain”, provada a diferença entre homens e mulheres em termos de comunicação verbal: os homens usam 7 mil palavras ao dia e as mulheres usam 20 mil. As mulheres possuem autoestrada de várias faixas dedicada a processar emoções, enquanto os homens têm apenas um caminho. Também a diferença no pensar sexo é explicada pela autora: os homens têm um «aeroporto internacional», as mulheres limitam-se a um «aeródromo». Quem gosta de refletir sobre as atávicas e mútuas incompreensões entre mulheres e homens suspira de alívio - afinal, a necessidade deles dispersarem sémen e a tagarelice delas são, em vez de construção social, frutos prosaicos de reações químicas cerebrais.
CAFÉ DA MANHÃ
Chris Peters, Gustave Courbet
Não sei quem escreveu, tão pouco se é dito popular, mas por voz amiga soube: “O Outono é a Primavera do Inverno”. Ora, implantado «calor de ananases» em cada dia nascido, garantindo os meteorologistas não haver perspectivas de nuvens que vertam o líquido que nos constitui e ao planeta em cerca de 70%, escasseia o bem maior. Em Bragança, é tempo de secura nos solos e nos ribeiros; a água potável em reserva apenas satisfaz as necessidades das 35000 pessoas afectadas durante mês e meio. Secura também nos pastos alentejanos. Dramática antevisão do que aos vivos espera daqui a décadas continuando desperdícios insanos.
Vozes se alevantam contra a entrada paga aos domingos nos museus. Por esta, estou de acordo com a decisão desde que duas horas, ou uma e meia antes do encerramento sejam, diariamente, gratuitas. Em Londres, Paris, Nova Iorque, Paris e noutros lugares o mesmo acontece desde que me lembro e não consta ter diminuído a afluência dos esfaimados por cultura ou dos curiosos. Mesmo considerando que se trata de países ricos cuja população tem nível de vida abissalmente melhor que o do nosso povo, os convénios com instituições, escolas entre elas, as horas gratuitas de visita previnem acesso a todos. Fosse substituído pelo transporte público a inundação de automóveis no regresso a casa, haveria ganho de tempo para visitar «à borla» um museu - está subentendida franja de compatibilidade nos horários. Depois, sábados e domingos também são dias para aproveitar horas da tarde em visitas graciosas, assim haja querer.
Nota: começa hoje e termina no domingo a Feira do Livro de Frankfurt – montra privilegiada para os livros escritos em português.
CAFÉ DA MANHÃ
Autor que não foi possível identificar
Começou a "Primavera Boreal" neste Hemisfério Norte. Ninguém diria: árvores com galhos débeis e secos, flores, poucas, em botões lascivos que perdem (ganham?) por tão pequenos e ocultos. Pela altura esta, deviam ousar exuberância, apelar ao ‘olhem para mim tão pronta e despudorada!’ Mas não. Os solos encharcados, sofrem indigestão pelos lagos que substituíram terreno firme. Água a mais, seiva a menos? E apetece brincadeira. Provocar os sinais. Pensar amores, diferenças (semelhanças?) entre homens e mulheres. Depois, unidos pela mão-na-mão, pelos lábios e corpos gulosos. É sempre assim chegado o tempo oficial _ oficiosamente, qualquer o é _ de todos os arrepios.
"Amizade Feminina
Certa noite a mulher não volta para casa. No dia seguinte, disse ao marido que tinha dormido em casa de uma amiga. Desconfiado, telefonou para as 10 melhores amigas da mulher. Nenhuma sabia de nada.
Moral da «estória»: raça desunida.
Amizade Masculina
Certa noite um homem não voltou para casa. No dia seguinte, disse à mulher que tinha dormido em casa de um amigo. Desconfiada, telefonou para os 10 melhores amigos do marido. Oito confirmaram que ele tinha passado a noite na casa deles e dois disseram que ainda lá estava.
Moral da «estória»: raça trapaceira."
Contra estereótipos as mulheres marcham há muito e unidas.
CAFÉ DA MANHÃ
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros