Katherine Doyle
Nova espécie de tsunami, avassaladora como as clássicas, porém isenta de catástrofe consequente, é azul. Na Ibéria de cá, foi o futebol do F.C.P. que o dos demais clubes engoliu; na de lá, o Partido Popular dominou nas várias regiões e deixou Zapatero com o PSOE a carpir.
Não admira tanto azul de lés-a-lés nesta que poderia ser a Jangada de Pedra da Europa: o F.C.P. impôs-se pela qualidade e feitos, o PP espanhol pela esperança dum curandeiro salvador das chagas que atormentam os cidadãos. Aplaudo a decisão do chefe de governo ao não confundir o equivalente às nossas “autárquicas” com “legislativas”. Oposto foi, dez anos atrás, o entendimento de Guterres e nada adveio de bom (ficando, não seria diferente o futuro, mas a destrinça inteligente e coragem política do governante mereceriam louvor).
O movimento espanhol “Democracia Real, já!” testemunha vontade de mudança dos políticos e das políticas. Se começou por jovens – os principais mártires dos 25% de desempregados -, hoje, junta avós e netos, famílias sem interrupção das gerações. Pode discutir-se se existe democracia para a generalidade dos povos que devia servir. Se a «coisa» que dá pelo nome e vigora em muitos partes do mundo, livremente ou à força, merece inclusão no conceito nobre vindo d’antanho. Se o seu abastardamento não é alicerce do estado de corrupção e ruína densa que implode sobre os cidadãos.
A solidariedade e, principalmente, o estado de sofredores por motivos idênticos em França e em Portugal imprimiram dinâmica local à inspiração espanhola. Em Lisboa, começou por quarenta acampados frente ao consulado dos hermanos e já vai em quinhentos. Propõem-se continuar o protesto sereno até às legislativas. Provam que manipular e abusar continuadamente das gentes não é receita que dure sempre. E vêm da riqueza dos nossos adágios confirmações:
- “a mentira tem pernas curtas”;
- “mais depressa se apanha um mentiroso do que um coxo”.
CAFÉ DA MANHÃ
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros