Balthus – “The White Skirt”, 1937, expressionismo, retrato, coleção privada
Da Babilónia, Heródoto relatou o costume das mulheres da sociedade se ofereceriam nos templos aos estrangeiros em troca de algumas moedas e oferendas para a deusa. O Livro de Josué menciona a prostituta Raab que pela bondade e coragem arriscou a vida ao esconder em casa dois espiões israelitas de visita à cidade de Jericó. Na Grécia, as hetairae conquistaram relevância social pela inteligência, pelo desprendimento, pela esperteza e pela capacidade de administração do capital; circulavam nos meios masculinos e teciam políticas. Rodopis, prostituta grega acumulou fortuna no Egito que justificou a construção duma pirâmide. "Não castigarei as filhas de Israel porque elas se prostituíram" Osaías versículo 12. Por estas e outras, conheço quem só ofereça uma Bíblia aos filhos depois dos 18 anos. Esta diversidade persiste e impede cristalizar uma ou outra versão da prostituição, decorrendo a pergunta se não é a economia que regula e define a prática.
Li: “Enquanto se considerar prostituta uma mulher de segunda e o sexo como algo que suja - especialmente as mulheres que se atrevem a tocá-lo já que os homens devem usar luvas - é difícil ultrapassar a cultura que penaliza a liberdade sexual feminina. E muitas vezes a simples liberdade de agir segundo a própria vontade, quando se quer menorizar essa mulher é colada a reputação mesmo sem culpa próxima ou remota. O reverso do poder do sexo também é esta perversão de enxovalhar quem atenta contra o estabelecido.” De seguida, comentário: _ “E ao gajo/utente que nome atribui? Puto?”
Substância não falta à perplexidade. O masculino do vulgarismo puta não existe. Equivalente, mas soando a promoção, há prostituto. Para a mulher termo pejorativo, para o homem termo profissional. O português metafórico é igualmente injusto para a mulher.
- Vadio: homem que não trabalha.
- Vadia: puta.
- Boi: homem gordo, forte.
- Vaca: puta.
- Aventureiro: homem que se arrisca, viajante, explorador.
- Aventureira: (…)
NOTA – Publicado integralmente aqui.
CAFÉ DA MANHÃ
Jacqui Faye
Na mitologia romana, de acordo com Arnóbio, Puta era uma deusa menor da agricultura. De acordo com uma versão, a etimologia do nome viria do latim, e seu significado literal seria "poda". Os festivais em honra a esta deusa celebravam a poda das árvores e, durante estes dias, as suas sacerdotisas manifestavam-se exercendo um bacanal sagrado (durante o qual se prostituíam) honrando a deusa. Estaria, portanto, explicado o significado corrente do termo "puta" e suas variações em muitos dos países de fala latina.
Voltando às divinas origens, o país agradece que as meninas de aluguer se entreguem de corpo e alma à agricultura nacional, colaborando em horário alargado com a deusa Cristas, podando tudo que se encontre em estado de abandono e passe então a dar fruto, havendo um único bacanal anual, sem férias nem feriados, a bem do défice e da competitividade.
Portugal finalmente salvo pelas divindades menores que, em vez de modestamente acalmarem os entesoados, levantariam heroicamente o TesOuro Nacional. Mas, hélas!, os gregos que se anteciparam nestas artes acabaram encalhados. Culpa da «mãe n'atura»?
«Uma passagem do Contra Neera, obra apócrifa atribuída a Demóstenes, coloca as seguintes palavras na boca do famoso orador ateniense: "Temos cortesãs para nos dar prazer; temos concubinas para com elas coabitarmos diariamente; temos esposas com o propósito de termos filhos legítimos e precisamos de termos uma guardiã fiel de tudo o que se refere à casa".»
E se deste modo foi (a)fundada a economia «liberal-prostituinte», o conselho: _ Toca a trabalhar, meninas!
CAFÉ DA MANHÃ
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros