Sexta-feira, 18 de Novembro de 2011

MEIA-LECA E ‘PIA FORA’

René Magritte, Zhang Qikai

 

Meia-leca - Expressão intrigante. O que será uma «leca» inteira? Metro e noventa? Dois? Sendo assim, o Marques Mendes não é «meia-leca» coisíssima nenhuma, mas sim quatro quintos da «leca». Ou seja, quase «leca» inteira. E no quinto da «leca» que falta parece residir a questão. A actual «leca» só foi atingida nos jovens pujantes à custa de Nestum. Antes, a «leca» era mais curta. Sendo que os criados a papa de farinha Maizena, tal como o Marques Mendes, se distinguem por escassos centímetros, é injusta a avaliação feita ao novo protagonista das 'conversas em família' - oratória sem contraditório. Aliás, foi provado ser o desempenho indiferente à fracção da outra «leca», a genital - a parte verdadeiramente excitante é a extremidade. Ora, sendo assim, mais «leca», menos «leca», não afecta a eficácia dos órgãos, nomeadamente o cerebral. E esse é que conta.

Copos-de-três - Direitos adquiridos não devem ser mexidos. Vendo bem as coisas, não parece correcto o atentado aos farmacêuticos com direito a alvará de farmácia. Ok, partilham alvará com taxistas, talhantes, drogarias e mercearias de bairro. Porém, distintos. Têm programas informáticos de última geração, vendem mais que pão quente e no estabelecimento tudo desliza: gavetas, funcionários e a máquina registadora. E não venham com coisas - lá por venderem perfumes, cremes de estética, bâtons, eyeliner, escovas de dentes e de cabelo, acessórios de moda, é tudo muito saudável e controlado. Bocas perversas insinuam venderem quase tudo excepto «copos-de-três». Retirados da exclusividade das farmácias os medicamentos de venda livre, como aguentaram o rombo e a contrariedade de não mudarem o Mercedes CL ou verem-se privados da escapadela no Burj al Arab do Dubai? Francamente... não se faz!

Coimas - Previa-se um saque ao avançar com semáforo verde-tinto, deitar o cabelo caído na camisa pela janela, ou não memorizar os limites de velocidade em vias rápidas, as menos rápidas e as que parecendo rápidas não são. Estou em vias de organizar post-it discriminado e colá-lo bem à vista. Reconheço ser possível numa rotunda de onde parta via que ignoro quão rápida é, tenha de parar, ler o papel e depois continuar. O cabelo esparramado na camisa branca lá terá de ir para o cinzeiro, ou esperar que pare para lhe dar destino. Mas grave mesmo é o atentado à soberania dos vícios. As coimas enunciadas no apelidado novo "Código da Estrada" mais parecem «tau-tau» no rabiosque de quem apenas demonstra respeito pelo usocapião nacional - claudicar sem culpa ou pena. Lá se vai o gostoso arremesso, tão português, do maço de tabaco vazio ou da ponta do cigarro pela janela. Infelizmente, o peso das tradições quejandas não desapareceu.

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

Sugestão de Veneno C.

 

publicado por Maria Brojo às 08:20
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