Claude Theberge
Este é um sábado/marco na minha vida de amores familiares. Sem tempo para mais, sem vontade de esclarecer razões publicamente, deixo poema versando amores. Românticos. Diferentes dos que viverei. Mas afetos. São eles a bússola do meu caminho.
“Eu prefiro ser
Essa metamorfose ambulante...
Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo...
Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo...
Sobre o que é o amor...
Sobre que eu nem sei quem sou...
Se hoje sou estrela,
Amanhã já se apagou...
Se hoje eu te odeio,
Amanhã lhe tenho amor...
Lhe tenho amor...
Lhe tenho horror...
Lhe faço amor...
Eu sou um ator...”
Raul Seixas – Maluco Beleza
CAFÉ DA MANHÃ
Douglas Hofman, autor que não foi possível identificar
Amor tussisque non celantur - O amor é como a tosse: impossível ocultar.
«Era» deveria ser o tempo verbal. Como os espirros, não fossem as castradoras normas sociais. Ou o nariz a pingar, que o tempo vai mais para isso do que para romantizar enlevos. À conta de me aventurar em namoro nocturno com ignoto jardim da capital, de uma penada, ganhei pacote inteiro. Simulei o «cantando à chuva» que caía - adocei o passo, arredondei gestos, fiz dos braços asas, e, com as mãos semi-fechadas numa concha afilada pelos dedos, simulei ave lépida. Da insanidade que não curo, ficou o amor pelo jardim, mas acresci tosse e constipação.
Sapientia longe preestat divitiis - Acaba-se o haver, fica o saber.
Lembraram-me, com erudição humorada, que no funeral de Beaudelaire, presentes trinta pessoas, no de Willy, dezanove e no do Oscar Wilde, sete. A mulher que sempre afirmou não desejar complicações – um pijama usado serve para embrulho, bem como qualquer pedacito de terra (não ocupa muito espaço) - deu por ela num delírio ao cogitar qual o tipo de ofício fúnebre que iria bem com o respectivo passamento.
Importante seria «maquilhadora» com mínimo de jeito para disfarçar o branco arroxeado de cadáver perturbador de familiares e amigos. Garantida a posição horizontal eterna e por decoro, vestido comprido em cetim fúcsia do estimado Nuno Baltazar. Sapatos, ele sabe: _ Nuno vá pensando, por favor! Entre roupa, calçado, maquilhagem, mais o tempo que a querida Guida vai demorar com o cabelo, dois dias de preparos devem chegar. O meu amigo/irmão Fernando ficará com a gestão do fundo musical - jazz, light como a finada, nada de muito estridente que incomode acompanhantes fãs de toadas mais doces. Como o haver já deixei e o reduzido saber levo comigo _ "Não se macem, vão para dentro!"
Sendo desejada tertúlia depois de terminada a função, invadam frigoríficos e armários ou tragam coisitas leves para trincar; nada de fritos que deixe a casa empestada. Brindem, salvo com água, não venha a superstição interromper-me o trajecto direito ao Céu. Ou ao Purgatório. O Inferno? _ Aqui d’el rei q'isso não! Esborrata a pintura e queimar cetim é estragação.
CAFÉ DA MANHÃ
Sugestão de Veneno C.
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros