Terça-feira, 29 de Novembro de 2011

‘DE PRATA’, DIZIAM

Dave Dorman

 

Vinte e cinco anos. Sem terem galgado o tempo num «ontem» próximo. Antes recuado. Longínquo. A distância insinuou-se afastando-os. Primeiro, na partilha do sofá. Já sentada entre eles, cobriu-os com manto frio. Dobraram assentos e silêncios. A economia da fala e da partilha pretextou, depois, a divisão de serões. Cumprido o ritual do jantar, ela voltava à sala, ele escapulia-se para o escritório. A banalidade conjugal adormecia com eles. Em silêncio.

Bodas de prata. Marcantes. Dolentes. Num impulso, ele largou tudo e saiu. Uma jóia, talvez. E flores como há vinte e cinco anos atrás. Mas não. Seria despropósito. Queria clivagem. Ruptura com erros e rotinas. Um recomeço. Optou por um vestido. Branco a condizer com uma nova união, diferente, virginal na acidez das memórias. O tamanho era o dela, sabia-o, sentia-o nas mãos - não esquecera as fronteiras do corpo que desejara, desejava e ambos negavam. Desencontrando frieza e dissimulando o amor.

Ela experimentou o vestido. Viu-se de branco, o corpo bem delineado surgindo do viés da seda. Gostou. Mirou-se num sorriso - não distava assim tanto da mulher que fora! - e voltou-se. Deu-lhe um beijo grato e feliz que não demorou. Sentia-se cansada. O trabalho do dia, naquele instante, pesou toneladas. Carga excessiva para reunir forças e ir jantar fora. Ficaram em casa. No silêncio do costume. Estropiaram ilusões. Como de costume.

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

publicado por Maria Brojo às 08:13
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Terça-feira, 8 de Fevereiro de 2011

LAGARTIXA, CENTOPEIA, OSGA? TALVEZ!

Paul John Ballard, Lhadz, Dren Elbaz

 

Humor rastejante. De lagartixa, centopeia, osga útil? Talvez! Raridade na matriz que me constitui. Ociosidades como razões: capot torcido por colisão idiota, dois dos três computadores mudos - o fixo alia, quando ligado, monitor pintado de cor-de-rosa faça eu o que tentar em malabarismos inúteis -, números de telefone perdidos devido a afogamento de trindade de telemóveis em pouco mais de dois meses. Descuidos últimos, estes. Parvos, está visto! Motivos sérios: dores alheias que tomo por minhas e cujo apropriamento merecem, amiga desaparecida por confusões e mal-entendidos fúteis.

 

Provado está que riso ou gargalhar quinze minutos ao dia prolonga vida quatro anos e meio. Desde há um dia, estou em défice. Dada ao sorriso, ao rir pronto, não me reconheço – mais pareço figura encalhada, fantasma da mulher que sou, ou soía ser. Arriscando dizer-me consciente do sério e do frívolo, é desgosto este afundar. Qual dos diabos em que não creio me subtrai características/armas indispensáveis ao ser alegre, feliz as mais das vezes? Os diabos existem para além das metáforas ou superstições? Não «m’acredito»! Mas porque razão, confluem incidências num sentido único? No lo sé! Adoraria saber.

 

Nova boa que me arredonda os lábios no sorrir: os «bifes» adoptaram Beja como destino turístico em alternativa ao instável Norte de África. E a Costa Alentejana ali tão perto... Sabem eles o ganho? _  Só vendo aquela belíssima fronteira da Europa!  

 

Nota: o mui estimado Pirata Vermelho que se livre de sublinhar a infelicidade das zurrapas matinais. Pois se nem almejo ouvir o que publico, quão mais pedir?

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

publicado por Maria Brojo às 06:17
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Segunda-feira, 3 de Janeiro de 2011

A DESPEDIDA FOI ASSIM

 

Era obrigatória arte, água, alegria. Os três «as» costumados seja de Inverno ou Verão o tempo. Pode ser arte de rua, água de mar ou rio, novidades por lados todos que os olhos façam luzir e o sorriso transbordar. Gargalhadas também, que delas não sou avara em qualquer dia - dias de remanso como estes, em dias de trabalho. E só a ideia de um voo que crie distância entre as 'noticiazinhas' esperadas e a nova experimentação deixa a Teresa C. com a mala feita num «já». Assim foi, talvez sempre.

 

Os rumos não devem ter estios fora de época. Se é frio aqui, tanto ou mais no «lá». Mas não - os céus estiveram secos e o sol brilhou. Menos um ou dois Celsius que Lisboa é coisa pouca. Nem senti pena quando o voo directo, pela bruma na Portela, foi substituído por outro com escala em aeroporto a que não volvia há anos. Está mais bonito, modernaço, mais amigável do que então. Comentário à Teresa C.: _ “Adorei!”

 

Ainda hoje, empolgada com o visto, sairá arte muita nos sítios da peregrinação.

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

publicado por Maria Brojo às 13:04
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