RGarrison
Era o tempo da Romy Schneider. Do cabelo liso acima dos ombros com as pontas viradas para cima. Certinhas. Das fitas largas na cabeça que lhe ficavam tão bem. Era o tempo da Maria Laforêt, do Alain Delon e da Dalida. Da saia acima do joelho que o bom senso media. O tempo do concurso da Mulher Ideal a que as suas amigas incentivavam a concorrer. Pelas mãos de fada, pela arte nos arranjos florais, pela perícia na economia doméstica que, com pouco, sofisticava uma refeição, pelo saber-estar social. Foi o tempo do cinema como local de encontro blasé. O tempo da meninice primeira que me soube dourar o pé-ante-pé em camisa de dormir para a sua cama onde me abraçava, esvoaçava beijos e lia contos infantis.
Lembro-me de vir à sala para ser exibida no maior apuro e depois entretida algures enquanto decorriam os chás ou as reuniões Tupperware. De a olhar com o nariz espetado para cima, orgulhosa por dar a mão à senhora mais bonita da festa. De me motivar para a aprendizagem da costura, da essência do cozinhar, do gosto e feminilidade no vestir. De limitar as nossas conversas a generalidades, risos, conselhos e pouco mais - e eu ardendo no desejo de saber o que era isso de passar de menina a mulher. Lembro vê-la sonhadora, o livro caído no regaço, enquanto ouvia Paroles, Paroles. De me aconselhar na escolha do vestido de noiva. De a ter ao meu lado em cada degrau da vida. De a amar, temer, admirar, amar e agora proteger - filha/mãe mimando a mãe/filha. E lembro. E vejo. Hoje e no tempo dos gira-discos e do concurso da Mulher Ideal. Ofereço-lhe a música lá em baixo, mãe. Ouça-a e descaia a revista no regaço. Trocarei as suas lágrimas por beijos meus.
CAFÉ DA MANHÃ
Era o tempo da Romy Schneider. Do cabelo liso acima dos ombros com as pontas viradas para cima. Certinhas. Das fitas largas na cabeça que ficavam tão bem. Era o tempo da Maria Laforêt, do Alain Delon e da Dalida. Da saia acima do joelho que o bom senso media. O tempo do concurso da “Mulher Ideal” a que as suas amigas incentivavam a concorrer. Pelas mãos de fada, pela arte nos arranjos florais, pela perícia na economia doméstica que, com pouco, sofisticava uma refeição, pelo saber-estar social. Foi o tempo do cinema como local de encontro blasé. O tempo da meninice primeira que me soube dourar – o «pé-ante-pé» em camisa de dormir para a sua cama onde me abraçava, esvoaçava beijos e lia contos infantis.
Lembro-me de vir à sala para ser exibida no maior apuro e depois entretida algures enquanto decorriam os chás ou as reuniões Tupperware. De a olhar com o nariz erguido, orgulhosa por dar a mão à senhora mais bonita da festa. De me motivar para a aprendizagem da costura, da essência do cozinhar, do gosto e feminilidade no vestir. De limitar as nossas conversas a generalidades, risos, conselhos e pouco mais – e eu ardendo no desejo de saber o que era isso de passar de menina a mulher. Lembro vê-la sonhadora, o livro caído no regaço, enquanto ouvia “Parole, Paroles.” De me aconselhar na escolha do vestido de noiva. De a ter ao meu lado em cada degrau da vida. De a amar, temer, admirar, amar e agora proteger – filha/mãe mimando a mãe/filha. E lembro. E vejo. Hoje e no tempo dos gira-discos e do concurso da "Mulher Ideal". Ofereço-lhe a música aqui em baixo, mãe.
Dalida por autor que não foi possível identificar e Alain Delon por Chris Laure
CAFÉ DA MANHÃ
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros