Graham-McKean, Ryan Obermeyer
Ora o céu acizentou! Bem-haja. Pingou e deixou brilhante, de húmido, o asfalto. A prometer aguaceiros e, não se arme em sovina, chuvadas sérias. Talvez não para já, mas venham elas. Um lençol fino sabe, agora, bem sobre a nudez. É vero manterem-se as persianas semi-descidas e as portadas abertas; todavia, dias atrás, o bafo estiolava a pele e o conteúdo de que ela é continente. Pepineira de que havia fartança.
Não fossem as enxurradas em Seia e Chaves, o prenúncio de ‘Outono com todos’ era brinde do calendário. Mas não. Os incêndios lamberam e comeram o que dos solos era sustento, as encostas apresentam careca radical. É abusivo o débito d’águas causado por mini-tufões e outras tempestades tropicais fora de sítio que a desgovernada meteorologia dissemina, seja ou não propício o lugar. Pelos declives rolam lamas e lixo orgânico da terra exposta. Pessoas e economia afectadas prolongam a tragédia incendiária ao serviço da loucura de Neros sem império.
Afadigam-se serviços governamentais na sementeira urgente de plantas herbáceas nos solos nus. Antes, foi a limpeza e a desobstrução das linhas de água. Desperdícios na forma de troncos e outros orgânicos constituídas barreiras contra o arrastamento das terras. Não foram os cuidados de emergência, um a dois milhares de anos seria o prazo longo e natural para a regeneração espontânea dos chãos que, até ao drama, eram tapete fofo de carumas, convenientemente vestidos para protegerem as gentes que nas faldas vivem.
CAFÉ DA MANHÃ
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros