Dominique Wtez, Rafal Olbinsky
Luz coada. Contornos difusos. Dos objectos. Do espaço. Do pensamento. Silêncio - o dedilhar do Carlos Paredes fica cosido às paredes. Às coisas. Ao privado modo de estar. Longe dos holofotes. Da exposição diária que a obrigação impõe. Muitos olhares. Demasiados. De cada um avaliado o peso. Somados, empurrando as pálpebras para o chão. Para o rasteiro, humilde, calcado. Das três dimensões uma anulada. Vestígio. Trilho. Caminho. O andado. Em frente o por andar. Torcido? Linear? Isto não, que de fácil enfastia. Antes fio caído de malha apertada. Caprichoso no encaracolado. Difícil de modelar.
Algodão leve em cima. Por dentro, nada. Mais abaixo, peúgas de lã. A certeza de um espaço que, por agora, ninguém interromperá. Andarilha, piso o chão conhecido. Cúmplice. Mudo. Muito viu e do que viu não diz. Pisco-lhe o olho e sorrio. Desvarios de criança na mulher. Com os presentes de Natal enchi um saco. Enorme. Verde-lima, não fosse destoar. Quis eliminar excessos. Complicações. Evidências de um consumo que limitei. De uma abundância falsa e de um tempo falacioso. Da simplicidade como meta. Da negação do ocioso. Todo o ano, por cada peça comprada, uma outra doei. Se da memória colada aos objectos não quero despedir-me, mais não legitimo adquirir. Sopeso futuro e passado. Compro menos. Olho mais. Rego a liberdade que me trouxe antecipado presente: o sobreiro é, desde hoje, símbolo nacional.
CAFÉ DA MANHÃ
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros