Terça-feira, 16 de Setembro de 2014

Ó SALGADO, QUANTO DO TEU SAL

Marinus van Reymerswael – “Saint Jerome with a Skull”

 

“Quer-se dizer (como diz o povo e neste momento, quem não fala como o povo, é sus­peito de pas­sar férias na Com­porta, ser apoi­ante de Pas­sos Coe­lho, par­ri­cida ou coisa tão má como uma des­tas três). Quem não fala como o povo é, cla­ra­mente um eli­tista que quer exa­mes para os pro­fes­so­res, mas um eli­tista dos pio­res, dos que ainda não per­ce­beu a impor­tân­cia de um Minis­té­rio da Cul­tura para que haja cul­tura. Enfim, um desqualificado!

 

Por isso repito: Quer-se dizer, está uma alma na praia (a minha) e cons­tan­te­mente com­pin­chas (dos bons, dos que pagam almo­ços, jan­ta­res, copos e con­tam his­tó­rias diver­ti­das) veem-me e abordam-me. Cui­dando que sou jor­na­lista por escre­ver sobre coi­sas de atu­a­li­dade, perguntam-me por­me­no­res sobre o BES e o Ricardo Salgado.

Perante isto, tenho três hipóteses:

1)    Pôr um ar sério e pon­dero se 4,9 mil milhões (que nem faço ideia quanto seja) che­gam para levar o Novo Banco adi­ante; interrogo-me sobre a lega­li­dade da medida de pas­sar tudo o que era (ou é, ou qual­quer coisa) BES para o banco mau, man­tendo o nome BES. Deba­ter se Hen­ri­que Gra­na­deiro se safa sem um pro­cesso movido pelos aci­o­nis­tas da PT e con­ti­nua a pro­du­zir o seu exce­lente vinho no Monte dos Per­di­gões. Debato se Car­los Costa agiu a tempo ou demo­rou uma eter­ni­dade. Pon­dero se o Governo espe­rou que a troika saísse do país para dar a conhe­cer o drama do BES. Alterco sobre se o primeiro-ministro devia estar de férias ou não e por aí fora…

2)    Bara­fus­tar dizendo que estou de férias e não quero saber do assunto para nada. Pelo con­trá­rio, quero que eles vão todos mor­rer longe enquanto eu mer­gu­lho nas ondas e douro o meu corpo ao Sol (quem ler isto há de pen­sar que sou um Apolo e não se engana por muito).

3)    Fazer de maluco e reci­tar: “Ó Ricardo Sal­gado, quanto do teu sal são inqui­e­ta­ções de Portugal”

Um poema que é mais ou menos assim (depende do impro­viso da altura):

 

“Ó Ricardo Sal­gado, quanto do teu sal
São inqui­e­ta­ções de Por­tu­gal?
Quan­tas das tuas ações nos enga­na­ram?
Quan­tas obri­ga­ções nos arrui­na­ram
Quan­tas dívi­das fica­ram por pagar,
Ape­nas para que fos­ses tu a man­dar?
Valeu a pena? Dividem-se as opi­niões…
Tudo vale a pena se só paga­res três milhões!

Deus à banca o risco e a gló­ria deu
Mas foi o Espí­rito Santo que de lá sacou o seu”

 

Confesso-vos que, até agora, tenho pre­fe­rido esta última opção.”

 

Nota – Publicado a 6 de Agosto no “Escrever é Triste” pelo Henrique Monteiro.

 

Outro texto de Henrique Monteiro

 

“Há notícias que só leio passados dias, ou que me escapam de todo. Ontem, porém, ao ler a edição semanal do Expresso, dei com um comentário a uma notícia do 'Correio da Manhã". Quando a fui ler no 'Correio da Manhã', reparei que ela já tinha sido comentada por uma jornalista daquele jornal. Este é, portanto, o terceiro comentário sobre o mesmo assunto, depois dos que foram feitos pelos meus colegas Fernanda Cachão, do CM, e João Garcia, diretor-adjunto do Expresso.

Porém, considero que não é demais repetir. E espero que alguns leitores partilhem o assunto. Algum modo há-de existir para que certas coisas não continuem. E, se não houver modo, pelo menos os responsáveis hão-de ler por todo lado comentários críticos que retratam a vergonha que deviam ter.

A questão é a seguinte: Jorge Barreto Xavier, secretário de Estado da Cultura, departamento que não tem dinheiro para - como se costuma dizer - mandar cantar um cego e vai cortar 15 milhões de euros em despesas com pessoal, recrutou um 'boy' do PSD para o seu gabinete a quem vai pagar como adjunto. Ou seja,  mais de  três mil euros, mais do que ganha diretor de serviços, ou, como escreve no Expresso João Garcia, "mais que juiz,  que coronel, o dobro de professor'. Fernanda Cachão ironiza que "afinal há dinheiro" desde que seja "money for the boys".

Mas o melhor, o melhor mesmo, é o currículo do adjunto. Tem 24 anos, três workshops no centro de formação de Jornalistas Cenjor, fez o estágio na Rádio Renascença, onde trabalhou oito meses e foi durante cinco meses consultor de comunicação do... PSD! Uau!! Que rica experiência...

Acresce que Barreto Xavier, antes desta contratação já tinha três adjuntos, sete técnicos especialistas, duas secretárias pessoais, chefe de gabinete, dez técnicos administrativos, três técnicos auxiliares e três motoristas.

Falta dinheiro (salvo para os boys) mas há excesso de descaramento.

 

Digamos que se há algo que não falta, é a falta de vergonha.”

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

publicado por Maria Brojo às 09:25
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