“The Reading Girl”, Theodore Roussel “Olympia” - Édouard Manet
Tem dois metros e meio quadrados. Chama-se “Rapariga a Ler”. Ao vê-lo exposto na nova casa de Roussel, um crítico da revista “Spectator” não se conteve e debitou texto impresso sobre a «arbitrariedade despudorada» que a partir dum belo tema o pintor malbaratara. O busílis da inquietação do crítico era o da mulher retratada não ser uma Vénus, logo, nudez injustificada, e ler obra pouco ou nada edificante – consta que ao perto o observador entende tratar-se de revista de mexericos com tiras de banda desenhada.
A provocatória indecência da leitora com revista em pousio no sexo foi pelos contemporâneos relacionada com o “Olympia” de Édouard Manet que, por sua vez, se inspirou numa obra de Ticiano (Venus of Urbino). Na lembrança, o ocorrido par de décadas antes quando a obra de um dos fundadores da Arte Moderna e impressionista, Manet, teve de ser protegida por polícias à bengalada dos indignados cidadãos visitantes da mostra onde era exibida. A polémica como resultado da nudez não versar figura mítica, antes prostituta na espera de cliente.
"Venus of Urbino" - Ticiano
Não em escândalo, mas em teimosia, (...)
Nota: texto publicado há instantes aqui.
CAFÉ DA MANHÃ
O Homem do Nariz Quebrado
No século XIX, nasce para a escultura Auguste Rodim. De família pobre, na infância criava formas com a massa utilizada pela mãe para no forno cozer pão. Adulto, viu ser recusada a sua primeira obra (O Homem do Nariz Quebrado) para o Salon de Paris. Partilhou, afinal, a sorte de tantos génios no tempo em que eram, impreparado para entender o arrojo, o futuro da conceção nascente. Recusou o desânimo. Convocou a necessidade de mais saber e melhor fazer. Viajou por Itália e nada perdeu das esculturas de Michelangelo. Fortaleceu o conceito primeiro de non finito, justificação fornecida pelo júri do Salon ao considerar a obra inacabada.
“Rodin redefiniu a escultura pela mesma altura em que Manet e Monet redefiniram a pintura. O escultor deixou-nos dois conceitos formais, relativos a aspetos espaciais e ambientais, que têm tido uma influência duradoura na escultura moderna: a Estética do Fragmento e a Estética do Bloco.
A Estética do Fragmento, ou a Autonomia do Fragmento, defende que os elementos representacionais da obra sejam corajosamente reduzidos ou eliminados, com vista à obtenção do desenho expressivo. Este preceito salvou a escultura de uma verosimilhança mecânica, tal como Manet salvou a pintura do realismo fotográfico.
A Estética do Bloco, por sua vez, diz que o caráter da forma e o caráter do mármore no bloco de pedra original, devem ser retidos na obra final. A estética do bloco enfatiza, portanto, o ponto de partida material e a vida formal inerente à escultura, o que se opõe totalmente à imitação literal das formas naturais. À Estética do Bloco veio juntar-se a investigação do espaço como volume. A escultura ocidental começou, então, a ser vista como consistindo, simultaneamente, de sólidos e vazios e começou a assumir uma função clara e decisiva de interpretação da luz física e do espaço. A escultura tornou-se menos uma questão de visão e mais uma questão de tato.”
Rainer Maria Rilke, poeta celebrado, anos a fio secretário e amigo de Rodin, viria a escrever a biografia Auguste Rodin.
Nota - fontes que completaram o meu parco saber em escultura: a Wiki e esta.
CAFÉ DA MANHÃ
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros