Sexta-feira, 1 de Março de 2013

"Whatever Lola Wants"

 

Ilaria Robert

 

John Keats na "Ode a uma Urna Grega", escreveu:

“Beleza é verdade, verdadeira beleza, - isso é tudo.

Sabeis na terra, e todos precisam saber.”

 

Procuramos a beleza que se esgueira e cada um inventa. Num rosto, num perto ou num horizonte. Indiferentes aos critérios e cânones dos estudos que investigadores sobre a beleza fazem tese. Talvez os humanos lhes obedeçam e confirmem créditos à ciência que os gera.

Ou não.

 

Pela subtileza de traços discordantes que induzem fantasias, lábios cheios como os da Angelina Jolie são fascínio para muitos. Boca insubmissa às regras clássicas e outras graníticas nas normas.

 

O quê/muito da inocência que transparece da inquestionável beleza da Marilyn é a sensualidade abrangendo mitos sem tempo no tempo. De Eugénio de Andrade, no “Coração do Dia, Mar de Setembro”, a constatação:

“Branco, branco e orvalhado

O tempo das crianças e dos álamos.”

 

Eugénio de Andrade, na mesma obra, torna a escrever sobre fundos humanos. Servem como luva à beleza senhoril de Audrey Hepburn.

“Mãe…

Na tua mão me levas,

Uma vez mais

Ao bosque onde me sento à tua sombra.”

 

Nota: publicado também aqui.

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

publicado por Maria Brojo às 10:16
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Quinta-feira, 24 de Maio de 2012

LIVRO FECHADO

 

Alex Alemany

 

Café de bairro sem história. Livro aberto a vidas obedientes às normas constantes dos mandamentos sociais, a outras caídas em desgraça pelo desemprego ou pela lateralidade moral. Ecrã mudo onde imagens desfilam e recolhe olhares vazios. Refúgio para mistérios pessoais.

 

A mulher desafinava no espaço. Sobressaía na postura e figura cuidada – mais comum eram homens encostados ao balcão, donas de casa, idosas na maioria, algumas com avental e chinelos de pano, debicando torradas acompanhadas por galão ou café. Nas conversas, menu de doenças, novas das vizinhas, da família, das mágoas. Momento alto no dia, depois, azáfama no «atura-maridos-netos-comidas». Pelas nove da manhã seguinte, de tudo dariam conta aos ouvidos próximos.

 

Ao telefone, a mulher desarmónica, sussurrava. À medida da progressiva instabilidade nos gestos, o tom de voz crescia como se estivesse num casulo que somente ela via. _ “Impante de razão não é? A verdade é despicienda. Interessam-te alegações que nada justificam. O acontecido, a tua crueldade e a tua suspeição ditaram o fim da nossa relação. Não tens os ‘ditos’ necessários para averiguares a realidade. Mais fácil duvidar da mulher que nunca te foi infiel nem mentiu porque o nome dela é 'simplesmente Maria'. Uma qualquer. Cata-vento. Inconstante. Aconchega-te o ego e dilui culpa por não ires mais além na investigação.”

 

Esquecidas vozes outras. Silêncio apenas perturbado por pratos e copos e chávenas e colheres entrechocadas na lavagem ou no serviço habitual.

 

Desligou. Pagou. Saiu. No café de bairro, esmorecidos diálogos. A nuvem que baixara continuou espessa. O silêncio com ela.

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

publicado por Maria Brojo às 16:51
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Domingo, 4 de Abril de 2010

MUROS E LINHOS BORDADOS

Claire B. Carnell

 

Sem glicínias ou lilases bordando muros, ficam vazios os linhos. Feliz Domingo nesta Páscoa!

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

publicado por Maria Brojo às 10:25
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