Antonella Cinelli - Segreti
Queria-o para sempre e não lhe dizia. Fora em Madrid, Picasso e Modgliani como patronos, que acendera a paixão. Ao telefone, ele no Porto, ela caminhando, cega, pelos danos da lonjura na cidade um dia renegada agora fermento de pão novo, nunca ázimo, descobria. E palmilhava quilómetros de frio, a pele e a vulva e a fisga do desejo esticada ao limite da mulher. Ele ficara, ela fora. Que não podia, que tinha ensaios e concertos em agenda. Talvez no granito, talvez viajante em pedras distantes. Mas era a fala que lhe trazia a rédea. Gostava. O sentimento de pertença definido por mais um vértice na geometria onde era.
No início, assombrara-a o elo intenso e contado e remetido a idos próximos. Ninguém faz o luto de um amor tão depressa, disse. Ele negara. Dela, abespinhara-o a oferta de ombro amigo. _ “Os amigos não fazem ninguém feliz. Só o amor na terra queimada e onde é majestade me interessa. O resto é deserto sem incluir oásis de breves deleites.”
Quisera-o, apesar da intransigência. (...)
CAFÉ DA MANHÃ
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros