Jeff Suntala Andre Wek
Médicos estão num jantar, assistem a um espetáculo, e, no intervalo, encontram amigos ou conhecidos. De imediato, em percentagem significativa, correm o risco de consulta palrada: _ Sinto isto e mais aquilo, não durmo sereno, acordo com cãibras a horas inusitadas, vomito ao acordar, o coração bate como máquina descontrolada. Que acha ‘doutor’? E o ‘doutor’ não acha nada por ignorar a história clínica, sorri, estando o humor em alta, caso a fadiga dos «bancos» obrigatórios o determine mantém o fácies cerrado, recomenda visita ao médico de família. Sendo próximo o queixoso, oferece consulta particular, inevitavelmente à borla, estando a potencial maleita incluída na especialidade pela qual optou. Mais grave, todavia compreensível perante a ineficácia do Sistema de Saúde provado pelas listas de espera maiores que o rol somado de todas as lavadeiras de Caneças d’antanho, é o putativo doente solicitar dianteira no rol para cirurgia ou quejando. O 'doutor' rejeita com a urbanidade possível.
No retrato, quiçá fiel, do português desenrasca, sobressai o estado da saúde lusitana – quem conhece auxiliar dum hospital, enfermeiro ou médico vulnerável a pedinchices tem garantido préstimo abreviado. Os outros são o maralhal - esperam, desesperam e descreem nos serviços de saúde aos quais têm, legitimamente, direito. Aplicadas as «troikices», além do mau que era e é, em alta as comparticipações financeiras dos utentes nos tratamentos precisados. Adeus taxas moderadoras já de si injustas – tanto paga o rico como o pobre –, olá financiamento do utilizador. Malvada decisão porque arredada justeza do sistema contributivo segundo os rendimentos individuais! Diminuídos os «isentos» das contribuições na assistência do Serviço Nacional de Saúde, era suposto que a vilanagem do metal pago justificasse serviços apropriados em rapidez e fiabilidade. Mas não. Em curtos meses, mortes e/ou situações críticas evitáveis se a articulação bombeiros, ambulâncias/INEM/hospitais existisse.
Bastas vezes me pergunto qual o «malino» que nos condenou a estas e outras atávicas incompetências. Sem exorcismo que nos valha no Sistema de Saúde, o «malino» deve ser poderoso lá nas quenturas dos infernos ao transformar a relação vida/morte dos portugueses numa tômbola.
CAFÉ DA MANHÃ
Autor que não foi possível identificar Giulio Romano
Relatado que Portugal desceu para o trigésimo terceiro lugar dos países menos corruptos do mundo. Ficámos a meio da tabela, descendo dez lugares relativamente ao ano passado. Atribuídas culpas ao incumprimento das leis, a uma Justiça ronceira e sem venda nos olhos. Quanto à vulnerabilidade dum povo cuja História conta ter inclinação para fugir por via de influências às seringas que lhe ameaçam o traseiro, nada foi dito. Polidos os avaliadores. De perto sei, que tendo uma jovem mulher morto à nascença o bebé, o putativo pai, homem de dinheiro e posição, manipulou com tal habilidade os cordéis da marioneta consubstanciada num juiz local, que a conheço livre de gaiola, conquanto muitos habitantes da cidade pequena tenham presenciado factos e detalhes incriminatórios.
Há uns anos, foram notícia implantes mamários nalgumas funcionárias do Hospital de São João. Por conta do erário público, nas vagas cirúrgicas, aumentaram a voluptuosidade das mamas – seios e peito são termos que remetem para pudores escusos. Segundo o Bastonário da Ordem dos Médicos da altura, as cirurgias estéticas praticadas nos hospitais obedecem a regras precisas e devem merecer a classificação de imprescindíveis. Como o Serviço Nacional de Saúde não paga ou comparticipa centímetros de mamas ociosos, médicos e funcionárias fizeram a clássica vaquinha. Em alta, o nacional-porreirismo. A chaga do chico-esperto faz jus à tradição e continua infecta.
Enquanto mais oitenta funcionárias do referido hospital aguardavam mamas impantes, ao tempo, menina de oito anos foi morta por atravessar clandestinamente a fronteira entre o Paquistão e o Afeganistão. Transportava, ilegalmente, dois quilogramas de farinha. Guarda paquistanês empurrou-a para o rodar dum camião. É provável que no mesmo instante saísse do bloco cirúrgico do São João um par de mamas novas.
CAFÉ DA MANHÃ
Daniel Green, Andre Wek
Médicos estão num jantar, assistem a um espectáculo, e, no intervalo, encontram amigos ou conhecidos. De imediato, em percentagem significativa, correm o risco de consulta palrada: _ Sinto isto e mais aquilo, não durmo sereno, acordo com cãibras a horas inusitadas, vomito ao acordar, o coração bate como máquina descontrolada. Que acha ‘doutor’? E o ‘doutor’ não acha nada por ignorar a história clínica, sorri, estando o humor em alta, caso a fadiga dos «bancos» obrigatórios o determine mantém o fácies cerrado, recomenda visita ao médico de família. Sendo próximo o queixoso, oferece consulta particular, inevitavelmente à borla, estando a potencial maleita incluída na especialidade pela qual optou. Mais grave é o putativo doente solicitar ultrapassagem na lista de espera para cirurgia ou quejando. O 'doutor' rejeita com a urbanidade possível.
No retrato, quiçá fiel, deste português ‘desenrasca’, sobressai o estado da saúde lusitana – quem conhece auxiliar dum hospital, enfermeiro ou médico vulnerável a pedinchices tem garantido préstimo abreviado. Os outros são o «maralhal» - esperam, desesperam e descrêem nos serviços de saúde aos quais, legitimamente, têm direito. Aplicadas as medidas da Troika, além do mesmo acrescerão comparticipar financeiramente e em alta nos tratamentos precisados. Adeus taxas moderadoras injustas – tanto paga o rico como o pobre – olá financiamento do utilizador. Malvada decisão sendo ineficaz o sistema contributivo segundo os rendimentos individuais! Reduzidos os «isentos» das contribuições na assistência do Serviço Nacional de Saúde, que a vilanagem do metal pago justifique serviços apropriados na rapidez e fiabilidade dos cuidados a prestar.
CAFÉ DA MANHÃ
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros