Sean Connery - Shahin Gholizadeh
Sean Connery. Vintage sugerindo prova a preceito. Não um vinho rafeiro que satisfaça almôndegas. Nem um tinto alentejano, reserva de honesta adega capaz de encher o palato e fazer valer uma sóbria entrada de salpicão e lâminas de queijo de Serpa. Que me desculpe o produto nacional, mas o Bond mais convincente de sempre pede um Louis Cristal Roederer de 88, ostras e cenário - degustação num final de tarde perfumado com alfazema e sombreado pelas tílias do centro de Saint Tropez (ali, os paparazzi não incomodam as anónimas gentes - fazem no porto a romaria).
James Bond, saído da pena do Ian Lancaster, pedia excelência na sedução e sagacidade na atitude. Sean Connery ofuscou o pedido: reunia corpo atlético bem servido de altura, olhar coruscante, sorriso raro e nunca escancarado, a pitada de distância que é terramoto na segurança feminina. Elas caíam-lhe nos braços, e ele, consumidor consciencioso, deixava-lhes no regaço a ilusão do homem perfeito, sexo perfeito, fuga perfeita. Por esta ordem. Certeza: maior que a cedência e beleza delas era a sabedoria dele. Quem resistiria? Não eu, Dio mio!...
As Bond Girls oscilavam entre extremos duma corda mantida vibrante pelo enredo. Perversas e funestas, delicodoces e boazinhas até doer. Manipuladas sempre, quer pelos agentes do mal, quer pelo Bond, James Bond, zeloso espião ao serviço do ocidente. Manias e vícios: beber - vodka martini shaked not stirred - e arruinar a banca de baccara dos casinos.
O Bond via Connery deve ter feito mais pela divulgação do gin que todos os vendedores. Esta é a receita da bebida deixada pelo Ian Fleming no primeiro livro, Casino Royale: “A dry martini," he said. "One. In a deep champagne goblet." "Oui, monsieur." "Just a moment. Three measures of Gordon's, one of vodka, half a measure of Kina Lillet. Shake it very well until it's ice-cold, then add a large thin slice of lemon-peel. Got it?"
CAFÉ DA MANHÃ
Angelina Jolie by Shahin Gholizadeh Hilary Clinton by Daniel Morgenstern
Se, por alguma maldição, fosse a Angelina Jolie – é linda, tem miolos e admiro-a, mas ter a vida ao léu aterroriza-me – o que faria primeiro era despedir o Brad Pitt. Ao homem ninguém lhe tira o ar de anjo emancipado. Em “puto”, o papel de querubim assentava-lhe como luva. Em adulto, o clássico bigode de seis dias não condiz com os membros alados que parecem, a qualquer momento, despontar-lhe das costas. E o incómodo de adormecer ao lado dum «anjolas»? Para mim, que durmo toda a santa noite de uma assentada, seria tormento imaginar poder vir a ser despertada por asas «penadas». E depois, fantasio numa chegada ao Além um diálogo com aquele homem. Qualquer diálogo com a criatura deve ter como recheio pazadas de Yah – o «tá» from L.A. – e, traduzido seria qualquer coisa do género disto: “Yah! Issé a partir como tocá lá, mas eu é qui vim pá vos comandá, bô zé qui bouja lá de mu puá elevo o consumo di cuca! Mêmo qui não gosta mi escuta! Tou pronto prá qualquer disputa. Yah! Yah!”
Depois, há o detalhe do Brad Pitt ser nono primo do Obama e a Angelina também prima em nono grau mas da Hillary. E se os antepassados se alevantam? Cruzes, canhoto!
CAFÉ DA MANHÃ
Ava Gardner Ava Gardner by Shahin Gholizadeh Ava Gardner Young
Da sedução dizem ser arte. Dom. Talento. Passível de retoques e evolução como a escrita ou a música ou a escultura ou a representação. Envolvendo técnicas que o exercício, e dele a aprendizagem, apuram. Não subscrevo este pensar. A sedução não é arte, é atitude. É um comezinho modo de estar. Seduz quem dos outros quer saber. Ouvir. Arredando artifícios langorosos ou dicas de manuais. Seduz quem não teme a vida, aprendeu a dor e os (des)encantos e a graça de um sorriso. Avareza nas emoções centradas no umbigo pode usar máscara e simular agrados. Sem tardança, virá rajada que o postiço arranca e o olhar sapudo, frio, egoísta, revela.
Quem a si mesmo ama e dos dias recolhe uma a uma todas as amoras maduras, sabe que arranhadela ao estender as mãos à suculência dos frutos é precisa – de futuro, cuidará de afastar pelo extremo tenro os ramos sem abster-se de, amorosamente, sentir na boca o fruto apetecido. E para que existem as amoras se não para serem colhidas? Definharem no arbusto, cobertas de pó e roídas por bicharada imprecisa é desbaratar a perfeição da mãe natura.
Porte que o longe desafia, espírito empreendedor e destemido, valem mais do que saltos-agulha, vestido coleante que o corpo dispa, cabelo sedoso pelo meio nu das costas, pernas de cetim que fecham e entreabrem promessas, lábios gulosos e olhar fundo. Seduz quem a si e aos outros dá por certa disponibilidade perante a vida.
Nota – A propósito, recomendo a leitura de 'De la séduction', Jean Baudrillard (Galilée, Paris, 1979) e Gallimard, Folio Essais 81 (1988 )
Brigitte Bardot by Lilach Eizenberg Brigitte Bardot – Ilustração Brigitte Bardot by Vector
Young Brigitte Bardot – Funkpix Brigitte Bardot et Alain Delon by Raymond Marcel Depienne
Alain Delon by Shahin Gholizadeh Alain Delon by Adetomir
No filme “Les Amours Célèbres” - película realizada por Michel Boisrond em 1961 -, foi reunido par célebre que continuaria o romance para lá do plateaux. Ambos ícones de beleza, derramavam suspiros nas espetadoras e nos expetadores.
Brigitte Anne-Marie Bardot (Paris, 28 de Setembro de 1934) ficou mundialmente conhecida pelas iniciais BB. Foi o grande símbolo sexual dos anos 50 e 60. Ícone de popularidade na década de 1960, foi eleita pela revista americana Time como um dos cem nomes mais influentes da história da moda. Tornou-se estrela internacional em 1957, após protagonizar o polémico filme “E Deus Criou a Mulher” produzido pelo seu então marido, Roger Vadim. Chamou a atenção da intelectualidade francesa e Simone de Beauvoir descreveu-a como "uma locomotiva da história das mulheres" e considerada a francesa mais livre do Pós-Guerra. Viria a ser ativista dos direitos animais após se afastar da vida pública. Em Inglaterra (2009) foi eleita como uma das dez atrizes mais belas da história do cinema
Alain Delon (Sceaux, 8 de Novembro de 1935) teve como primeiro grande sucesso O Sol por Testemunha de 1959. A sua beleza física transformou-o num símbolo sexual nos anos 60 e 70.Talvez por isso, tenha lutado para ser reconhecido como um grande ator, e não apenas um ‘rostinho bonito’. Em 1997, para tristeza dos admiradores, Delon anunciou que pararia de atuar, dececionado com os rumos do cinema francês. Possui vários produtos com o seu nome, incluindo roupas, perfumes, óculos e cigarros.
CAFÉ DA MANHÃ
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros