Autores que não foi possível identificar
Disse que a comida saudável é a melhor.
Disse que os legumes preferidos eram brócolos.
Disse que era mau cozinheiro.
Disse que gostava de cachorros e hambúrgueres.
Disse que a mulher, Michelle, nunca o havia informado ser permitido comer com os dedos numa refeição de estado.
Disse tudo isto durante um almoço na Casa Branca oferecido a cinquenta e quatro crianças vencedoras dum concurso sobre receitas saudáveis.
O que foi dito mereceu abertura noticiosa nos lusos noticiários informativos no princípio da manhã de hoje.
Digo: Portugal e o mundo podem sofrer que são banalidades a entupirem os ouvintes desde o acordar.
Silly season ou vício sem época definida no calendário?
CAFÉ DA MANHÃ
Thomas Waterman, Scamato
Mal começou o estio, e a silly season aí está espampanante pelas frivolidades de que faz notícias. Não fossem as especulações e «achares» sobre o governo, o futebol e prevenção dos incêndios, a penúria dos portugueses, a já sabida intenção de emigrarem trabalhadores qualificados com que se encheriam páginas, rádios e televisões? _ De cultura em pousio, novelas feitas de tragédias nossas e mundiais, do pároco que assediou a beata mais apetitosa da paróquia, da mãe que matou o tio e foi assassinada pelo filho, do falecimento da mulher mais velha do mundo, brasileira, 114 anos, cujos familiares garantem ser o segredo da longevidade jamais se ter imiscuído na vida dos outros. Ora, neste último particular, há motivo para reflexão. Não sobrecarregar a consciência, dela o pensamento, com ociosidades, espírito optimista que rejeita afligir-se antecipadamente e morrer de véspera como peru natalício constituem dietas mentais que não entopem artérias.
É também dito da brasileira falecida ter optado por quotidiano alimentar saudável – pequeno-almoço de café, pão, fruta e chá com linhaça. Ora, tenho para mim, que a metade dos portugueses que este Verão, pela falta de pecúlio, não goza férias ou fica em casa ou pede abrigo a familiares doutros sítios para mudança de lugar, luta por alguma saúde económica e longevidade assisada. Razões: falta dinheiro para cervejas, vinhaças e almoços empanturrados seguidos de sesta anestésica que atafulham estômago e o músculo cardíaco, carvão pra grelhados mais barato do que energia comprada à EDP ou que gás encanado.
Claro que o Algarve, malgré promoções tentadoras, ficará mais tranquilo que o costumado – os autóctones melhoram a qualidade de vida sem hordas de turistas nossos e dos carregados em aviões vindos de fora. A economia do sul marítimo e aqueles que dela dependem terão agruras novas; todavia, das agressões ambientais causadas pelo péssimo ordenamento do território algarvio, da pelintrice internacional cedo ou tarde sofreria.
CAFÉ DA MANHÃ
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros