Sábado, 28 de Janeiro de 2012

AMORES ACIDENTAIS

Julianna

 

No começo, adrenalina do novo, da descoberta dum ser, do caldo fervente que mistura emoções revisitadas, talvez esquecidas, talvez alojadas no canto dentro julgado com ferrolho cuja chave o tempo perdeu. Num momento inesperado - é quase sempre assim! – a chave está na mão que toca outra, no olhar silencioso que subverte o instante e conduz arrepio à pele e torna ébrio o sentir. E os seres misturam emoção com amor, amor com paixão, paixão com vida toda. Cantam almas e corpos até de dois ser feito um. Continuam a folia traduzida no brilho dos olhos, juram, convictos, o ‘para sempre’.

 

Inexoráveis, sucedem horas e dias e meses, anos, quiçá. Sorrateiramente, espia a rotina no seu jeito de borracha dos sentimentos que vai substituindo o desenho inicial por um deslavado de intensidade. Mas fica a posse, as palavras, gestos repetidos sem porquê salvo terem o outro como sentido de vida à maneira de seguro que garante cobertura de estragos se os dias entortarem. Sobrevém o cansaço com capote largo a encobri-lo. É redito o amor por um ou por ambos. Mas não – somente acata o pagar do seguro.

 

CAFÉ DA MANHÃ  

 

publicado por Maria Brojo às 10:40
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