Lima de Freitas e Bottelho
Nunca fora bonito. Homens há que pela meia-idade ganham encanto, enquanto os belos de outrora definham. Não ele. Rosto e corpo miúdo. Olhos vivazes de quem vê para lá do visto e pensa quando vê. Nortenho, bem-nascido, inconformado sem roçar a subversão. Discreto.
Ela, uma beldade vinda do frio. Loura, tez de cetim rosado, olhos como lago cristalino. Cabelo apanhado. Corpo esculpido à mão, parecia. Inteligente, por isso curiosa. Culta por formação e meio. Sem impor a presença; não carecia, de tal modo era impressiva.
Ao conhecerem-se, possuíam família. Os anteriores patrimónios afectivos cederam no encontro que lhes viria a mudar as vidas. Natália Correia disse a Francisco: "Ela é uma princesa que jaz adormecida num esquife de gelo à espera do príncipe que a desperte com um beijo. O príncipe é você. Telefone-lhe e convide-a". Assim fez. Um do outro se agradaram, emulsionaram e nasceu a paixão. Clandestina. Pública mais tarde e pela vontade comum. Insolente, dizia-se. Malvados tempos que, reprimindo, julgam cortar rente a fala do coração... Só conseguem sendo pobre o sentimento, porque da cobardia não é feito o Amor.
Snu Abecassis e Francisco Sá Carneiro uma estória da história do nosso tempo. Do Portugal (re)nascido em Abril. De amor, coragem e lucidez. Merecendo mais que vida eternidade.
CAFÉ DA MANHÃ
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros