Anna Halldin-Maule
Começa hoje o verão às 18 horas e 16 minutos com muito calor. Solstício de verão é um fenómeno astronómico que marca o iníco desta nova estação. Corresponde ao instante em que o Polo Norte apresenta uma inclinação de 23,5º em direção ao Sol, enquanto no solstício de inverno o Polo Norte fica afastado do Sol com uma inclinação de 23,5º. O termo solstício tem a sua origem no latim solstitius que significa "ponto onde a trajetória do sol aparenta não se deslocar". Consiste em sol + sistere que significa "parado".
No solstício de verão ocorre o dia mais longo do ano e consequentemente a noite mais curta, em termos de iluminação por parte do Sol. No hemisfério norte e este ano, acontece a 21 de junho e o solstício de inverno nos dias 21 ou 23 de dezembro. Os dias e horas em que ocorrem os solstícios não são iguais devido à velocidade atingida pela Terra na órbita elíptica. A viagem é mais rápida quando a Terra está mais próxima do Sol (periélio) do que quando está mais distante (afélio).
O solstício acontece graças aos fenómenos de rotação e translação do planeta Terra que distribui a luz solar de forma desigual entre os dois hemisférios. O solstício de inverno significa que a luz do sol não incide com tanto fulgor no hemisfério em questão. São fenómenos opostos dependendo do hemisfério em que um determinado país se encontra. Por isto, quando é inverno no hemisfério sul, é verão em Portugal.
Os solstícios estão relacionados com esoterismo e para muitas culturas têm simbolismo relevante. Nelas, o solstício de verão é motivo de grande alegria, porque representa a vitória da Luz sobre a Escuridão.
CAFÉ DA MANHÃ
Peter Paul Rubens - "A Peasant Dance"
Nuvens, para que vos quero? Ide para outras paragens e comungai com o oceano dissolvendo-vos nele. Deixai que Portugal seja inundado pela festa da luz máxima do Sol, o dia maior e a noite menor do ano. Permiti que sob o brilho solar neste dia evoque com alegria Litha, a deusa celta da água e o ‘Homem Verde’, símbolo folhoso do ressurgimento da Natureza. Que sejam convocadas todas as "tribos" da tradição pagã para que venham e se divirtam juntas em rituais mágicos. Que venha a festa de agradecimento pelas energias novas no verão. Que sejam colhidas ervas de poderes infindos. Que sejam queimadas as preocupações do ano decorrido entre o Solstício de Verão de 2013 e este. Que vicejem com prodigalidade na estação do fogo hoje nascida os bens que a Terra pode ofertar. Que se reúnam as gentes nos locais sagrados por todo o mundo para ampliarem o efeito da cura planetária.
Abençoados somos por não termos país assente na linha do Equador em que a duração dos dias é fixa ao longo das estações do ano com dúzia de horas de luz e outras tantas de noite. Além da monotonia pela inexistência de ciclos solares, seria aniquilada a força masculina Yang que no Hemisfério Norte atinge hoje o seu ponto alto e facilita quotidianos prolongando horas de luz diurna a permitirem realizar tarefas com tempo de sobra para repouso e divertimento. Lá em cima, o Sol está em conjunção próxima com Vênus e Marte no Trópico de Câncer e os três alinhados com (...)
Nota: texto publicado na íntegra aqui.
CAFÉ DA MANHÃ
David Ligare
Deve ser uma maçada viver sobre o Equador: 12h de dia, 12h de noite todo o bendito ano. Inexistente o frisson de sentir a luz crescer e atingir o máximo no dia do solstício de Verão - para hoje a noite mais curta dos 365 dias da rotação da Terra - e, a partir dele o inevitável diminuir até ao solstício de Inverno por volta de 21 de Dezembro que marca a noite mais longa do mesmo intervalo de tempo.
Mas é deste 21 de Junho o tratado. Com o Sol no ponto mais alto relativamente à Terra, as sombras são as menores do ano. Quem não resiste a olhar para a sua própria sombra tem desgosto. Os demais, a maioria, querem lá saber do pequeno ou extenso rasto sombrio delineado atrás no solo. Tomaram eles que legassem impressivas passadas na vida! Estas, sim, importam. De resto, este Verão começado mais promete véu de nuvens cinza tapando a luz do astro dito rei que marcas/fronteiras entre a luz mais a expetável canícula e o desenho perfeito das sombras.
CAFÉ DA MANHÃ
Para saber Para fruir
Hilo Chen
Passado foi o primeiro dia do Verão. Celebremos o solstício hoje – praia ao Sul, extensa, vazia. Ostras ao almoço, limão e cama de gelo. A marina ali nas bordas do passadiço de madeira. O rio quase mar oscilando mastros e embarcações. E nós entremearemos risos e cumplicidades, degustaremos sentires e factos e sabores.
No baú dos biquínis, um, pelos recortes e cor, falará mais alto reclamando areia e mar e liberdade e espírito aliviado de escusas do nem vou nem venho. Será o escolhido. Conchas cuja vida íntima desapareceu, estrelas marinhas, seixos rolados, águas tépidas entreterão o caminhar sem que na sacola ao ombro conste turco para enxugo; dobrado, no fundo, algodão puro e fino que o corpo cobrirá na ida e na vinda, dois cigarros, isqueiro, telemóvel, óculos que filtrem luz excessiva. Precisões elementares de quem gosta de emergir da água salgada, evaporá-la enquanto enterra os pés na areia húmida e avança.
No final da tarde, corpo quente, pele dourada, regresso com serra em fundo. Talvez peregrinemos pelas vistas das subidas e declives. Talvez não, consoante a hora da fuga ao Sol adiada até o vento mandar. Não desistiremos da conversa, da partilha que constitui, das venturas singelas que alguns traduzem por somenos, da verdade líquida desembocada pelo rio no oceano.
CAFÉ DA MANHÃ
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros