Quinta-feira, 29 de Janeiro de 2015

PINTAR A INFÂNCIA

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Pintar. Ilustrar sonhos. Se de crianças melhor sabe. Porque a ternura é muita, a técnica não é prioridade. A essência do ‘a fazer’ está na resposta a desejos verbalizados. Com infinito amor, escolher os pincéis e os óleos por estar decidida a escolha do tema - os infantes são mandantes.

 

 

 

Passada a adrenalina do novo, o interesse da tela dilui-se. Associar o feito a um conto, encaderná-lo artesanalmente e dar a ler à querida pequenada é ideia a alimentar. Palavras que da miudagem faça heróis e heroínas num mundo solidário, num mundo de encantamento.

 

 

 

 

Final feliz, sempre – desilusões a vida trará o que entender. E sem escamotear o lado triste do mundo, suaviza-lo como recurso ao entendimento de futuras aprendizagens sem a mesma doçura.

 

 

 

Ser criança é privilégio curto no tempo. Que a infância não seja estropiada por exigências em demasia, por incremento de espírito competitivo que não com o próprio, por disfuncionalidades familiares.

 

 

 

Os nossos filhos não têm no ADN gene que os obrigue a cumprir frustrações ou desígnios dos pais. Aceitar, ter como objetivo realçar o que de melhor a criança tem, exercer autoridade sem autoritarismos ociosos, dialogar muito, não fazer dos dias um «lufa-lufa» de obrigações sem tempo para o exercício do direito à brincadeira é preciso. E que o amor dos pais - escassos os incluídos neste enquadramento - não se traduza em primeiro lugar no objetivo de obter mais e mais metal vil. Se posto ao serviço de maior disponibilidade que acresça momentos de intimidade com as crianças/filhos,sim!

 

 

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

 

 

publicado por Maria Brojo às 08:00
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Sábado, 29 de Janeiro de 2011

O GULLIVER QUE TAMBÉM ÉS

Arthur Braginski, Carol Manasse

  

Inventa asas. Não esperes. Vem comigo planar sobre vales que separam montes, sobre faldas de montanhas, sobre lameiros. Na subida, sentir o despegar dos pés do chão, ver de cima o lá em baixo. Doutro modo. Doutro ângulo. Doutra altura. Vogar abaixo das nuvens, não se interponham entre os viajantes cujo motor é o vento e a abrangência que as pupilas recolhem. Abstrair dos liliputianos nas ruas, dos transportados sobre rodas, sobre rodilhas que lhes enchem de nada o viver. E se o império do oco ordena pesadelos e pressas e ânsias e baralha essências do respirar, também o da realidade «esquinuda» convoca igual.

 

Esquece, por agora, sermos feitos do barro comum a todos. Desmente a matéria e do etéreo constitui o ser. Vem! Sobe mais alto. Segue-me. Abre os pulmões, enche-os de puro, experimenta a leveza do ar e não fales. Sente a maravilha dos lameiros ensopados e do aroma que exalam. Atenta nas diferenças entre o emaranhado dum bosque, dum baldio, dos campos lavrados e adormecidos, dos pinhais. Não elabores, não penses. Concentra-te no rugir do ar em movimento que lambe encostas e desenha cumes. Ouve. Confessa: _ Há quanto tempo não te detinhas na exclusividade do ouvir? Pára. Um sentido de cada vez. É altura do ver. Distingues a espessura dos verdes rurais da escassez urbana? Assinala o arco-íris na banda/mistura de amarelos, verdes, azuis e malvas crescido do solo prenhe aguardando a Primavera.

 

Desce e conserva as asas. Jamais esqueças a viagem. Não confundas sentidos. Com distintos e complementares, sê liliputiano consciente, extasiado com o Gulliver que também és.

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

 

publicado por Maria Brojo às 12:28
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