Elizabeth Taylor por Baron Von Lind
Doces, subservientes, ingénuas ou malvadas, temperamentais, sedutoras. Lindas, todas. Musas de realizadores e costureiros cujo renome transtornava a cabeça das mulheres. Plissados? Preto e branco? Drapeados? Pérolas e laçadas? A Bouvier (Jackie Kennedy) usa? A Ingrid Bergman também? E repetiam, e zurziam as costureiras não sendo perfeitas as cópias dos figurinos. Entre alfinetes e alinhavos, desfiadas exigências como contas do rosário que sabiam de cor. No "mês de Maria", terço rezado diariamente. Porque sim e pelo sim, pelo não.
Era a época do celulóide _ os polímeros haviam nascido nos fourthy’s. Dos mitos nados em Hollywood, França e Itália. Deles, fora do tempo em que nascera, teria memórias complementadas pelos filmes que a Cinemateca passava. E a mulher viu, mais tarde, o que a mãe lhe contara. Do escândalo com a nudez da Bardot que admirava. Dos casamentos múltiplos da Taylor. Das paixões engendradas nos estúdios. Da Bacall, da Loren, da Katharine e da Audrey Hepburn. A Katharine, pelos anos trinta, chamada 'veneno de bilheteira' _ dos 15 filmes realizados nessa década, a maioria foi fracasso económico. Pelos quarenta, seria a eterna amante de Spencer Tracy. Depois princesa, Grace Kelly. E a miúda aprendeu. No ecrã, regrediu ao tempo em que não era. Aprendeu a ver e escolher cinema que bem a sentasse no ‘escurinho’ cúmplice. Por isso trauteia ainda, da Rita Lee, "No Escurinho do Cinema".
A mulher adquiriu, sem dar conta, gestos e tiques: como descalçar meias de liga, despir um vestido, atirar para o lado os sapatos mesmo se o desejo é mandador. Viria a recontar contos do cinema. Partilhar clássicos com os filhos. Gerações cinéfilas que persistem em filmes de autor. Se independente, esperam diferença/surpresa. Novos actores e actrizes descobertos no escuro da sala onde o ecrã foi e é protagonista. Como a mãe. Como a avó.
CAFÉ DA MANHÃ
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Peregrinando
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