John Zacchio, Matthew Carlton
Discurso de Obama onde é elogiado arquitecto português e manifestado conhecimento da respectiva obra é raro. Aconteceu na entrega do Pritzker 2011 ao agraciado Souto Moura, acontecimento por aqui exaltado. Os Estados Unidos sabem agora da excelência de alguma arquitectura portuguesa e deixaram de ignorar também o nome de um dos maiores, nossos, nesta forma de arte/ciência. Não que sem o prémio ou os encómios do presidente norte-americano fosse menor o valor das obras construídas ou o meu orgulho na qualidade de concidadã. Mas sabe bem ver o mundo reconhecer a qualidade de gentes portuguesas, ainda que muitas delas vejam na emigração a saída única para desenvolverem conhecimentos e trabalhos de qualidade. Triste país que sangra talentos para o exterior sem vero querer de propiciar condições necessárias e dignas!
José Gusmão Rodrigues, aluno do 12º ano da Escola Secundária Maria Amália Vaz de Carvalho, ganhou, em Viena, a medalha de prata nas Olimpíadas de Filosofia. Lutou por constituir delegação nacional, sempre apoiado pelo professor Domingos Diogo Correia. A Sociedade Portuguesa de Filosofia não deu resposta ao pedido de apoio do estudante e do professor que tivera há dois anos. Trinta países em competição. Durante quatro horas, escreveu ensaio em inglês, uma das quatro línguas permitidas: inglês, francês, espanhol e alemão, sendo que nenhuma delas podia ser materna. Quatro tópicos fornecidos sobre incerta épocas históricas da Filosofia. E o nosso José Gusmão arrecadou mérito e glória. No futuro provável, exportar este jovem é crime.
CAFÉ DA MANHÃ
Paula Rego, autor que não foi possível identificar
Souto Moura, 'Casa das Histórias'
Vivemos no estado sabido. Ordenam os valores solidários, assim fossem respeitados, deixar em paz o ceguinho e não o cobrir de pancada. Mas quando não se enxergam os cegos poderosos deste canto ajardinado com mais rotundas por quilómetro que outro qualquer da Europa, apetecem bofetadas. Ficam-se pelo virtual por ser a violência acto feio que nada resolve, ou, então, porque falar/«palavrar» não custa e está certo quem diz existir na cabeça de cada português treinador de bancada. E criticamos, da triste sorte engendramos anedotas, assobiamos para dentro não nos ouçam vizinhos – resquícios do ‘come e cala’, imperador por meio século.
«Pobretes», mas «alegretes», no caos que vem de longe e atingiu cume agora, decidimos alargar mesas e palácios com o fim de receber ilustres. Convidámos o Lula da Silva – gosto do homem, e depois? – a presidente Dilma Rousseff, o príncipe Carlos com a Camila a reboque. Já foram os anéis, mas ficaram os dedos prontos a enfiar outros emprestados por amigalhaços com olho esperto para a cobrança. Também, abonada a verdade, mais vela menos vela, mais peito de qualquer bicho enfeitado com arrebiques, mais ‘tira-gosto’ gelado, mais vinho de casta nossa, não afligem os donos das lojas onde nos penhoramos.
Bom mesmo, alegria apenas comparável no português típico/tipo quando a selecção chegar ao Europeu 2012, foi o arquitecto Souto Moura ter recebido o prémio Pritzker. Já Siza Vieira fora meritoriamente ganhador do prémio, equivalente a Nobel da Arquitectura se tal categoria o comité Nobel incluísse. Da valorosa criatividade nacional não existe dúvida, conquanto os jovens arquitectos emigrem para a Índia e outros remotos destinos por neste canto pejado de rotundas para eles não haver mercado de trabalho.
CAFÉ DA MANHÃ
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros