Sábado, 28 de Março de 2015

O BARBEIRO

Stevan Dohanos saturday-evening-post-cover-2.jpg

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Stevan Dohanos – “Saturday Evening Post, Cover”  

 

 

O florista foi ao barbeiro para cortar o cabelo. Após o corte, perguntou ao barbeiro o valor do serviço e o barbeiro respondeu:

_ Não posso aceitar dinheiro porque estou prestando serviço comunitário esta semana.

O florista, feliz, saiu. No dia seguinte, ao abrir a barbearia, havia um buquê com uma dúzia de rosas na porta e uma nota de agradecimento do florista.

 

 

 

 

Mais tarde, no mesmo dia, veio um padeiro para cortar o cabelo. Após o corte, ao pagar, o barbeiro disse:

_ Não posso aceitar dinheiro porque estou prestando serviço comunitário esta semana.

O padeiro, feliz, saiu. No dia seguinte, ao abrir a barbearia, havia um cesto com pães e doces na porta e uma nota de agradecimento do padeiro.

 

 

 

No terceiro dia, veio um deputado para um corte de cabelo. Novamente, ao pagar, o barbeiro disse:

_ Não posso aceitar dinheiro porque estou prestando serviço comunitário esta semana.

O deputado, feliz, saiu. No dia seguinte, quando o barbeiro abriu a barbearia, havia uma dúzia de deputados fazendo fila para cortar o cabelo.

 

 

Esta é a diferença entre cidadãos anónimos e políticos.

 

 

 

CAFÉ DA MANHà

 

 

 

publicado por Maria Brojo às 08:00
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Terça-feira, 18 de Janeiro de 2011

PANEGÍRICO A MANUEL DA ENCARNAÇÃO MARQUES

Stevan Dohanos, Pal Fried

 

Não é usual barbeiro ser notícia quando a tumba o recebe, salvo se tornado bem-sucedido empresário ou ministro ou investigador ou criminoso ou artista. Porém, na biografia deste que aos noventa e cinco se despediu nada consta de relevante excepto ter aparado pêlos a Salazar. À época, devia ser honra equiparada à da depiladora da Rainha Isabel II ou à pedicure que lhe cuida os pés. A diferença essencial reside no aproveitamento pós-morte dos famosos que os sobrevivos prestadores de serviços íntimos fazem. Nalguns lugares estrangeiros, sopram com força o trombone e espalham aos ventos quatro muitas e porcas misérias. Tablóides e jornais sérios publicam, livros entram no prelo, despontam amantes ocultos, filharada incógnita. Almas farisaicas vendem confidências a troco de vultuosas lentilhas.

 

Por cá, somos mais puros. O Sr. Manuel da Encarnação Marques, durante quarenta anos após o falecimento de Salazar, pouco mais disse do que ser o “Doutor muito educado, mas muito cabeça no ar”. Por tal, confessou não ter sido causa da doença e morte a queda da cadeira desengonçada, mas pomposo trambolhão. Sobre mais não descoseu o silêncio. Nada sobre os elegantes e fátuos romances do pinga-amor António de Oliveira Salazar no Vimeiro e fora dele. Se confidências outras houveram entre barbeiro e o seu habitual cliente, para sempre afundadas na cova.

 

Isto, sim, é dignidade. Reste como exemplo. Que o 14 de Janeiro figure no calendário nacional como o Dia da Discrição. Ao menos uma vez no ano, contenham-se gorgomilos destravados e não emprenhem ouvidos. Fineza agradecida pelo povo.

 

CAFÉ DA MANHÃ

  

No tempo do flower power, finou-se o pregador. Cortesia do Pirata-Vermelho.

 

publicado por Maria Brojo às 06:29
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