Keith Mallet
Alembamento. Não fazia a menor ideia do que fosse. Amiga que há muitos anos frequenta, sazonal e profissionalmente, a alta-roda de Luanda, explicou:
_ “O alembamento é a compra da noiva à família. Tradição adaptada à contemporaneidade e vida urbana. A família do noivo acorda com a da noiva o valor da rapariga Determinado em gado, cereais ou produtos outros. Regateio esperado como em qualquer transacção. Valor entregue no alembamento segue normas que pretendem evitar abusos ou enriquecimentos súbitos pelas famílias das noivas. O cerimonial, não sendo pré-requisito para oficializar o casamento, está instituído _ existem formulários próprios para o pedido.
Na sociedade angolana, o casamento rege-se por duas correntes: a ocidental, com registo no civil ou na igreja, e a tradicional com alembamentos e pedidos. Poucos os que optam por uma só vertente. Normal é cumprirem ritos tradicionais. Auge: casamento civil ou religioso. Essenciais: fato completo, com sapatos e chapéu para o pai da noiva, vestido para a mãe e para as damas d’honor _ não tem entrada gente mal vestida.
Detalhes: com a carta de alembamento, o noivo entrega dólares _ montante variável, entre 200 e 400, segundo posses ou vontade de impressionar a família da noiva. É obrigação do candidato a ‘esposo’ fornecer grades de cerveja que, empilhadas, atinjam a altura da rapariga. Conselho: escolher futura mulher baixinha! Além da cerveja, o séquito alcoólico deve ser amplo. Essencial: garrafão de vinho, maço de tabaco e caixa de fósforos. Proibição: os fumadores não podem substituir fósforos por isqueiros. Conta final: pagar ao fotógrafo.
Alembamento e casamento representam esforço financeiro temível para o noivo e família. Por esta via, explicados namoros vários dos angolanos _ económicos a curto prazo; diferença entre comprar e arrendar casa no Ocidente.”
M.F.R.
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