Pintura atribuída ao Imperador Huizong, Dinastia Song do Norte da China – “Gardenia and Lichee with Birds”
Nunca soube dançar o tango com os adequados requebros e aventurosos passos. Arremedo - mais não faço. Mas gostava de o saber bailar. De me sentir envolvida em abraço forte que conduzir-me soubesse. De percorrer o soalho, harmonizada com o acordeão, as violas, as guitarras, as vozes dolentes gravadas em disco ou vindas de orquestra improvisada. Mas não sei.
Dia a mais ou a menos, inscrevo-me nos “Alunos de Apolo”, preencho formulários sendo necessária burocracia no cumprimento de um gosto. Ou apareço, espreito os bons dançarinos e requeiro ensinamento daquele que aceda em aturar-me. Talvez consiga. Talvez me vicie no balanceio. Talvez não prescinda do exercício que ginásios esquecem. E a mulher, baterá tacões na madeira, curvará a coluna sob o parceiro mandador, ensaiará riscos do corpo, deleitar-se-á com a novidade que a faz vibrar.
Vestido colado à pele, denunciante das imperfeições nos volteios, roda após (...)
CAFÉ DA MANHÃ
Frente e Verso do ‘Picture Disc’ com as primeiras gravações de Amália Rodrigues
“Fado de Lisboa esteve na origem de tango e bolero, diz o investigador e professor universitário chileno Miguel Angel Vera. Explicou que estes géneros musicais são na verdade um «encontro de famílias» resultantes das travessias do Atlântico Sul feitas por muitos portugueses entre 1880 e 1930. Defende que o fado de Lisboa esteve na origem do tango e do bolero, uma tese que começa numa música que Amália Rodrigues costumava cantar nos seus espetáculos. Miguel Angel Vera mais disse: a investigação começou quando a fadista portuguesa disse que “Fallaste Corazón”, uma canção ranchera, era um fado mexicano.
Miguel Angel Vera, que está a apresentar um disco com dezasseis inéditos de Amália, resultado de pesquisas que fez na América Latina, e designado “De Porto a Porto” com apresentação agendada para esta quinta-feira no “Mouraria”, procurou provas que juntassem numa família vários tipos de canção urbana, todas nascidas em cidades portuárias, como Vera Cruz, Santiago de Chile, Cuba, Callao, Buenos Aires e Guayaquil.
«Não é por acaso que nestes portos que existem músicas que são semelhantes ao fado», acrescentou Miguel Angel Vera, numa referência a géneros como rancheras, boleros, cantineros e cantigas crioulas que têm o mesmo compasso binário que o fado. Este professor chileno descobriu que um quarto das tripulações que faziam travessias rumo ao Atlântico Sul entre 1880 e 1930 eram de origem portuguesa e que, por isso, o fado e as cantigas da América do Sul são «encontros de famílias».”
Fonte: http://www.tsf.pt/PaginaInicial/Vida/Interior.aspx?content_id=3935807
CAFÉ DA MANHÃ
Madison Moore, Fabian Perez, M. Collier
Nunca soube dançar o tango com os adequados requebros e aventurosos passos. Arremedo - mais não faço. Mas gostava de o saber bailar. De me sentir envolvida em abraço forte que conduzir saiba. De percorrer o soalho harmonizada com o acordeão, as violas, as guitarras, as vozes dolentes gravadas em disco ou vindas de orquestra improvisada. Mas não sei os mistérios desta arte/sedução.
Dia a mais, inscrevo-me nos “Alunos de Apolo” sendo necessária a burocracia. Ou apareço, espreito os bons dançarinos e requeiro ensinamento daquele que aceda em aturar-me. Talvez consiga. Talvez me vicie no balanceio. Talvez não prescinda deste exercício outro que os ginásios esquecem. E eu, a mulher curiosa, baterá tacões na madeira, curvará a coluna sob o parceiro mandador, ensaiará riscos do corpo, deleitar-se-á com a novidade que a faz vibrar.
Vestido colado à pele que denuncie imperfeições dos músculos na dança, roda ao fundo para que as pernas sejam livres e avancem e retrocedam e encaixem nas do parceiro/professor. Gardénia que prenda o cabelo solto escorrendo costas abaixo. Gardénia no tornozelo direito tapando o botão onde a tira do sapato cola à perna. Então, ao chegares, saberás porque aprendi e, mesmo na ignorância do advir, sempre dancei para ti.
CAFÉ DA MANHÃ
Mark Keller
Mãos e corpos enlaçados, pés ágeis. Dançarinos. No soalho polido, deslizam requebros que as pernas audaciosas trocam e tocam. A sala/palco rodopia com o par. Ela, pescoço erguido, abandona a cabeça para as costas. Ele aperta e soergue-lhe a cintura. Sentem a música, a voz doutrem que, mano a mano, desenha compassos nos passos. Imprevisíveis no arrojo da sensualidade exposta. E na pele da mulher, nua ou coberta por seda justa, meias cruzando redes de sentidos, as mãos dele contornam as fronteiras curvas.
O tango da Argentina e do Uruguai pertence desde o último dia de Setembro ao Património Imaterial da Humanidade. Da UNESCO, a decisão. Celebrada também por Vitorino no novo Cd por via da quase dezena e meia de tangos preciosos. Gardel, Troilo, Jorge Luís Borges e António Lobo Antunes em antologia conjunta. O castelhano e o português, casados arrebatadoramente, atravessam um século de sensibilidade e volúpia. Para a semana, estreia acompanhada pelo Boca Livre Tango Sextet sob a direcção de Ramón Maschio. Cancioneiro novo que já vagueia nas ondas da rádio.
CAFÉ DA MANHÃ
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros