Autor que não foi possível identificar
Passados dois terços do Verão, ainda os pavimentos suam acalorados, já ela distingue cobre nas folhagens das tílias e plátanos, o verde que murcha nos fetos dos pinhais e escurece copas frondosas. Não o verde quase negro à mistura com cinzento que pinta arbustos e árvores em Nova Iorque. É outro. Remete para o dos ciprestes destacados no ocre dos solos agrícolas da Toscânia onde apetece rolar na imensidão aveludada pelas sobras de palha das colheitas. E se ela não o compara ao dos sobreiros do Alentejo amado, tem uma razão: os caules laivados de vermelho se a riqueza da cortiça lhes foi escamada e os deixou nus como ovelhas sem lã após a tosquia.
Passados dois terços do Verão, já ela conhece pelo relógio íntimo o descair mais cedo do Sol no horizonte com suavidade dourada e ígnea sempre crescida até ao arrumo para sono tranquilo. E chega a noite das estrelas e grilos, dos pirilampos que lampejam em dança de sedução que as fêmeas aguardam, a mulher também. E por ali fica esquecida da janta. Por ali, rente ao chão e à alma, espera do turquesa o azul noite que a irá despir.
Hoje, a mulher baila, feliz, tarantella. Inventa brisa como par. É do Outono a chegada, mansa, sem despedir rudemente o ciclo que termina.
CAFÉ DA MANHÃ
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros