Terça-feira, 24 de Março de 2015

O CARTEIRO JÁ NÃO TOCA DUAS VEZES

Bryan Larsen letter.jpg

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Bryan Larsen – “Letter”

 

 

 

O correio já não é o que era. E que não me rotulem de nostálgica por esta convicção! É saber da experiência feito. Foi perdida a emoção de abrir a caixa, sorrir ao pegar num envelope ou ficar trémulo antes, desiludido depois, quando a escrita ansiada estava ausente. Entrar no elevador com o envelope aberto, devorando avidamente as palavras.

 

 

Desde que o carteiro se padronizou, as coisas mudaram. Há correio azul, teoricamente rápido e de facto caro, maioritariamente ao serviço das más notícias. Há correio registado bem pago pelas administrações dos condomínios, pela Justiça ou Finanças. Sempre olhado de soslaio e aberto com o mesmo entusiasmo de quem arranca um dente. O correio dito normal não tem muita surpresa: débitos e faturas e mais faturas. Tão previsíveis como as cíclicas greves da Carris - quando não existem, estranhamos.

 

 

A comunicação que vale mesmo a pena, é agora instantânea, feita de viva voz, por mensagem (abençoados telemóveis!) ou e-mail. Tudo rápido e eficaz. Sem a intervenção adorável do carteiro que nos conhecia pelo rosto e nome. Sem a previsibilidade da hora que só uma gripe ou o excesso do Natal faziam perigar. Sensatamente parco e económico nas faturas.

 

 

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

 

 

publicado por Maria Brojo às 08:00
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Quarta-feira, 12 de Fevereiro de 2014

TELEMÓVEL VERSUS PÍLULA ANTICONCECIONAL

 

 

 

Painted Hands in Advertising by Italian Artist Guido Daniele                                                                            Kimberley

 

Houve tempo em que telefonema longo pedia honrado e forte cadeirão, cujo couro sentira o peso de ilustres nádegas de que as nossas não poderiam envergonhar-se. Dos fios que nos atam a comunicações por voz e à distância restam vestígios. Os telemóveis estão para os nossos dias, como a pílula para os anos sessenta. Se «donjuanear» pela vida for objetivo, aceito a comparação. Porém, ao contrário da pílula, a comunicação de bolso pode viciar, impedir que o sujeito fale consigo antes de o fazer com outrem. E não se enxergar por dentro é danoso.

 

Telemóveis versus pílula anticoncecional. Ambos libertam, podem causar dores de cabeça e insónias, requerem bateria, saldo e cuidado na utilização – um esquecimento pode merecer severa penitência. Explico: para muitos, não eliminar SMS ou registos de chamadas antes de esfregar as solas no capacho na entrada da casa é desporto mais radical que rafting no rio Paiva. Do compromisso faltoso com o comprimido, pode advir despesa, ansiedade, confirmadas ou não por chichi matinal e teste farmacêutico.

 

As diferenças fazem bailar o fiel da comparação. O telemóvel não causa celulite, permite socorro em caso de avaria ou furo, é generoso em imediatos deleites e notícias; a pílula funciona em silêncio, não pesa na mala, favorece êxtases que o «telelé» copia mal. Aparte o ridículo da voz melosa, «patatis» e «patatás» ao ouvido de plateias garantidas, declararia empate.

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

publicado por Maria Brojo às 08:47
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