Autor que não foi possível identificar, John Robert Davenall Turner, Massudy
Corria safari em África. Turistas ao molho artilhados com binóculos e câmaras de grito último nos mercados orientais, depois vendidas pelos cantos que o mundo tem. Esperavam o exótico, a ilusão de pioneiros num continente por descobrir. Talvez enchapelados com um ‘pralana’ de feltro, à escuteiro, ou equivalente em couro. Os chapéus putativamente usados pelos autóctones fazem o encanto de qualquer viajante, ainda mais se turista em visita de pacote.
Deviam estar em savana entrecortada por lago ou rio. Objectivo: ver, filmar vida selvagem consubstanciada num bando de gnus. A pés juntos, juraram águas infestadas por crocodilos. Eis se não quando, como cumpre em historieta bem contada, um hipopótamo, vindo de nada à vista, se apresta a salvar gnu bebé, carregando-o com gentileza até à margem. Dez minutos não eram passados, tragédia no mesmo local esperava zebra minorca. Repete o gesto solidário e ajuda-a a enfrentar a correnteza e atingir lugar seguro.
O guia da maralha, a maralha também, estupefactos por bicho considerado agressivo optar pela generosidade. Foi-se ver e o hipopótamo era fêmea. Tecidas loas ao amor maternal tão forte que das barreiras da espécie não quis saber.
Tenho outra explicação que me trouxe aqui: _ a solidariedade, o voluntariado quando o bem-estar de outros é fim maior acontece em qualquer sítio e com protagonista bicho. Curiosamente, o geral dos humanos, que até pensam e estabelecem raciocínios lógicos, demora a entender que servir os outros não é mérito, mas integra salvação pessoal – pela auto-estima, pelo enriquecimento que do estar disponível para ajudar advém. Afinal, «umbiguismo» saudável. Tão só.
CAFÉ DA MANHÃ
Do trabalho para o Monumental, Book House, estar com o mui querido Lauro António no lançamento do livro “Temas de Cinema” – 18h.
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros