Fotografia de Teresa C., autor que não foi possível identificar, Fabian Perez
Neste Verão prestes a definhar, o apetite por esplanadas descobriu novas onde a paz acontece seja meada manhã ou tarde, cinza ou soalheiras as horas. Amplitude no horizonte diante para que a janela do olhar se levante das páginas e analise o lido, a perfeição duma frase, o momento interior, os silêncios de outros companheiros na sombra escolhida. Nesses instantes, a vida é série filmada, digerida por episódios. Flashbacks revelam subentendidos nas curvas do guião que se desenvolve no ecrã íntimo. É sempre assim nos lugares onde a leitura é objectivo. Se caseira, as paredes confinam deambulações ambiciosas, a falta do longe ao olhar entope a descodificação dos signos por o espírito tender a enredar-se em detalhes ociosos _ Aquele quadro está desalinhado, não posso esquecer ligar a máquina da roupa, tenho de organizar esta papelada. No regresso às letras impressas, ficou diluída a emoção. Já pela noitinha, quando o sono indicia para breve adormecer o corpo alongado na cama/esplanada e parece anular a força da gravidade, a metacognição está apurada. Expostas ficam impressões subjectivas.
Em lugares de perdição, andarilhei pelo México e Espanha sem do mesmo poiso sair. Partilhei bravuras, homens/desamores, traições, fidelidades, vidas corridas no fio da espada. Segui o tortuoso carreiro de duas mulheres, Teresa Mendoza uma delas. Decidida, arrojada, contida, é a que se pensa com lucidez, que pensa aqueles de quem é próxima, que pensa como (sobre)viver na lateralidade dum mundo mentiroso onde tudo e quase todos são comprados. Trafica “La Reina del Sur”. Será “La Reina del Sur”. Arturo Pérez-Reverte desenha realidades submersas, e, logo de início, coroa Teresa Mendoza. Com justiça a honra nas quinhentas e trinta e uma páginas que apetecem duplicar não seja perdido o feitiço de tão impressiva escrita.
CAFÉ DA MANHÃ
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros