Tony Chimento
Uma casa. Nova. Torres de apartamentos, no conjunto, encerrados por grades. Jardins em construção. A cova da piscina forrada e vazia. Como as casas cujos compradores ainda não habitam. Porteiro e telefone na receção a impedir entrada livre da família, de amigos, o simples tocar da campainha e resposta pelo intercomunicador. Porteiro que ao comunicar com os proprietários vira costas a quem espera sob vento gelado, não seja recusada admissão por inconveniência do momento e exigida por resposta “não está ninguém”. Condomínio que de tão fechado engaiola quem lá vive. Liberta de intrusos, afasta a realidade quotidiana das paredes de vidro a partir das quais somente luzes e «luziratos» provam existir cidade outra, mais vidas além das resguardadas que ali fazem lar. Nem buzinas exaltadas sobem ao enésimo andar. Foi escolhido e obtido silêncio. Largueza e mármores cujo brilho encandeia. Dentro, madeiras nunca vistas, ambiente produto de estirador e decoradora. Onde ficas Lisboa das cantinas sociais que amparam misérias, dos desvalidos, dos embrulhados por jornais nos vãos que protegem, mal, da chuva?
Qualidade de vida(?) e luxo amalgamados. Beleza? Design raro? Impressiva arquitetura? _ Sim! Todavia, assusta a perfeição. Talvez quem assim opina seja campónia habituada a condomínios modestos se comparados àquele.
CAFÉ DA MANHÃ
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros