Sexta-feira, 7 de Fevereiro de 2014

E FEZ-SE LUZ!

 

 

Jeffrey K. Bedrick,“Moonlight Menagerie”

 

Separar das trevas o dia pela feitura da luz terá sido a primeira obra do Criador. Luz primordialmente entendida como marcha atinada de corpúsculos, depois como onda veloz, hoje sabida como procissão de «nadas» que ondulam energia pura sem que de matéria precisem – os fotões.

 

O deleite visual requer existência de luz. Diurna ou noturna a fração do dia, o que é iluminado protege, o negrume inspira temores pelo perigo que pode esconder. Nas paisagens visuais é assim e por isso as privilegiamos. Outras há para o cheiro, o tato, o ouvido e o sabor. Percorrendo trilho avulso com olhos vendados, o que reteríamos da paisagem olfativa das silvas, cedros, morangueiros silvestres, violetas, dentes-de-leão ou funcho? Um a um comporiam o desenho olfativo do lugar, ou, sem as partes identificarmos, seria confusa a soma? Num bosque – jamais entendi porque os há pelo mundo e por cá se resumem a bouças, matas e matagais – palpados os caules, as folhas, o chão, a que detalhes resumiríamos a descrição?

 

 

A Exposição Universal de Paris em 1900 foi megaevento para comemorar a mudança do século - provavelmente o derradeiro sonho iluminista de um mundo ordenado e controlado. Teve símbolo na sumptuosa luz que a Torre Eiffel inaugurou. Haja luz! E o mundo não mais foi o mesmo.

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

 

 

publicado por Maria Brojo às 09:07
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Segunda-feira, 18 de Março de 2013

MÁQUINA DE SÃO NUNCA

 

Machine Time

 

Em período santo, mais um. O que permitiria máquinas em que a energia recebida fosse totalmente convertida em trabalho mecânico. Desperdícios nem um. Adeus forças de atrito que só retardam o objetivo final. Máquinas de lavar roupa e louça economizariam energia por demorarem menos tempo na função e pela inexistência de desperdícios energéticos. Poupança que faria perder lucros à EDP, à EPAL e acrescia euros substantivos nos bolsos dos cidadãos. São Nunca respeitaria a Primeira Lei da Termodinâmica: “ a energia total transferida para um sistema* é igual à sua variação de energia interna”. Incluída a entropia, exceto a mental/ metáfora por algumas vezes referida. Entropia: “medida da dispersão caótica da energia e da matéria”. O São Nunca sentir-se-ia ofendido pela Segunda Lei da Termodinâmica: “Numa transformação espontânea há sempre aumento da entropia do Universo.”

 

Paola Angelotti

 

Para melhor entendimento, nada com o empirismo dum exemplo – tocando num metal a sensação é de frio por roubar energia da mão através da fluidez de eletrões livres que o constituem. Perdurando o contacto, é diluída a frialdade primeira: mão e metal ficam à mesma temperatura. A energia térmica é transportada do quente para o frio até igualarem a temperatura. A Lei Zero da Termodinâmica explica: "Se dois corpos estão em equilíbrio térmico com um terceiro, então eles estão em equilíbrio térmico entre si."

 

 John Stango

 

Daqui aos termómetros é um passo. Os tradicionais de mercúrio estão a ser substituídos pelos digitais. Inconveniente dos primeiros: o mercúrio é venenoso e quebrando-se termómetro fundamentado na dilatação do metal é quase inevitável o derrame de um dos poucos metais líquidos à temperatura ambiente. Uma haste metálica pode também funcionar como termómetro: a Torre Eiffel como exemplo maior literal e metaforicamente. Nos dias quentes de Verão, os seus 300 m crescem 6 cm. Problema: não é possível enfiá-la na axila.

 

(...)

 

Nota: o texto continua. Veja aqui.

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

publicado por Maria Brojo às 09:54
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Quarta-feira, 20 de Fevereiro de 2013

APETECIA-LHE

 

Trish Biddle 

 

Talvez o fúcsia sintetizado pelo Leonhart Fuchs. No minimalismo, reviver Elsa Schiaparelli e a rivalidade com Coco Chanel entre as duas guerras que rasgaram o mundo. Lembrar Dali, o vestido com lagosta impressa, o gigantismo do chapéu em forma de sapato. Arrojos idos e vindos. Fúcsia – a cor das meias dos toureiros, símbolo que rejeitava da Ibéria. Fascínio pela indecisão entre rosa, lilás e encarnado, pela conjugação da arte e da ciência. Provocação que Yves Saint Laurent retomara e a seduzia ao rever na pantalha das memórias o laço imenso debruçado na Torre Eiffel. Apetecia-lhe o abandono num avião. Que a levasse e depositasse no seizième arrondissement, a Torre em fundo. O fúcsia enlaçado. O rio estrada de «barcos-moscas» para turistas verem dos ícones bordas e fachadas.

 

Apetecia-lhe.

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

Yves Saint Laurent                             Moda e Arte - Schiaparelli (1937) com desenho de Dali

 

publicado por Maria Brojo às 09:01
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Terça-feira, 9 de Outubro de 2012

DESPACHO BREVE

Autor que não foi possível identificar

 

Olhou os guindastes e os trolhas que lhe construíam novas paredes. O sobe e desce dos ferros. Mudança em frente. Que os móveis ficassem enquanto ela partia. Criar sítio novo. Casulo. Levar as telas, esculturas e cerâmicas. Fotografias de família que desemolduraria. Trapos, adereços e calçado. Álbuns e livros. Pouco mais. Com parcimónia, rechear o apartamento branco. Pintá-lo com sedas e musselinas. Talvez limas e ameixas. Talvez o fúcsia sintetizado pelo Leonhart Fuchs.

 

No minimalismo, reviver Elsa Schiaparelli e a rivalidade com Coco Chanel entre as duas guerras que rasgaram o mundo. Lembrar Dali, o vestido com lagosta impressa, o gigantismo do chapéu em forma de sapato. Arrojos idos e vindos. Fúcsia – a cor das meias dos toureiros, símbolo que rejeitava da Ibéria. Fascínio pela indecisão entre rosa, lilás e encarnado, pela conjugação de arte e ciência. Provocação que Yves Saint Laurent retomara e a seduzia ao rever na pantalha das memórias o laço imenso debruçado na Torre Eiffel.

 

Apeteceu-lhe abandono nos braços férreos do guindaste ali tão perto do aeroporto. Que a levasse e depositasse no ‘seisièmme arrondissement’. Em vez de trolhas, a Eiffel em fundo. O fúcsia enlaçado. O rio estrada de barcos-moscas com turistas em busca dos recantos e símbolos de Paris nas bordas.

 

Despedira o Santiago com habilidade. Evitara a “minha ou a tua?”, o “deixas o teu e levamos o meu, ou o contrário? Por mim, esteja contigo, as coisas não têm valor.” Estava certa de si: nem apetite, nem sentimento. Poisou-lhe um beijo flor nos lábios. Abreviou o fim sem entremeio de coxas, sussurros e gritos. Lembrou outra mão que um dia lhe amordaçara a boca, não fosse escândalo para os vizinhos a banda sonora do prazer. Ele menos livre que ela julgara. Preso a conveniências.

 

Por esse tempo, a janela larga sobre o Sado era fronteira de vícios inconfessados quando a noite chegava. Adivinhados. Depois, confessos. Ela ensaiara fuga vezes demais. Sem êxito. Atravessava a ponte e volvia sempre ao Sul perto. E não o queria, querendo. Guerrilha longa demais.

 

O Francisco dera-lhe mão e afeto que a puxara do inferno - carne e sentimento - pelo simulacro de amor que para si ela inventara e ele desesperava. Tão fácil mentir a quem era! E fora amante e apaixonada do Francisco, fizera planos _ vida junta num dia longe, porque não? Mas soubera da verdade que a mentira dele provou. Deles fez réu num processo sem delongas no tribunal dos sentimentos que acomodava. Quando a consciência era fogo esperto, recorria ao mesmo tribunal e fazia despacho breve.

 

Nota: publicado ontem no “Escrever é Triste”

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

publicado por Maria Brojo às 06:55
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