Ana Teresa Fernandez
Querem mais lugares onde colem a natureza à pele. Coabitar com areias e ortigas. Havendo tojos por perto, deslizam a toalha. E recebem o sol e a brisa e a liberdade no corpo inteiro. Procuram isolamento que lhes permita o ‘aconteceu!’. Lastimam falta de serviços de apoio que não os obriguem a enfiar trapo para compra de água ou serviço na praia oficial. São clandestinos marítimos se postados fora dos seis lugares abaixo do Tejo onde é licenciado o nu integral. Para Norte, nada existe, apesar de cada concelho poder conferir legalidade a um sítio naturista.
Reclamaram bastarem 500 metros de distância aos bikinis e calções amontoados, para cultuar o pudor dos semidespidos. Que sejam legalizados os locais onde o hábito tem permitido aos monges fruírem do vestido de nada. Os Verdes deram forma aos desejos de vinte e cinco mil naturistas nacionais sob forma de projeto-lei apresentado na cas(t)a Assembleia da República. Alegam necessário(?) competir com Espanha que dispõe de meio milhar de lugares para a prática do tudo-ao-léu. Por isso, chamariz de segmento turista próspero por todo o lado, exceto cá.
Nada tenho contra abstinência de roupa. Declaro-me adepta doméstica. Convicta. Ali prás bandas de Alfarim iniciei carreira pública. Curta - par de horas bastaram para fartança de grãos atrevidos em lugares sensíveis e recônditos. Salvou-me a água corrente oceânica ou sobreviria coceira deselegante. Quem não sofre de igual desgosto que se dispa sem quilómetro e meio andado. Que arrebite pele e músculos sem ofensa ao, pela maioria, valorado pudor.
Estranho é preocupações balneares se interporem quando o país navega desaustinado e mais parece esquife do que barcaça.
CAFÉ DA MANHÃ
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros