Conceição Ramos - Série “(Con)tradições”
O site desdobra-se, fundamentalmente, em cinco das mais importantes séries desta artista plástica:
- “Normas e Formas”, “Recontando Estórias”, “Representações”, "Maternae" e “(Con)tradições”.
Sobre a série "Maternae", a escritora Matilde Rosa Araújo escreveu:
A criança surge daquela arca de sombra, húmida e cúmplice do corpo materno, para o mundo onde abrirá os olhos para a luz. Seu pequeno coração ainda perto do coração materno.
Nasce. Para tudo aprender, apreender. Nasce num choro. Mais tarde sorri, ri. O choro continua, quando pequenino, para dizer o que sente, pede e ama ou rejeita.
E escuta palavras. De amor e de canto. E, contudo, há crianças que nunca escutaram tais palavras na solidão de uma infância ignorada, mal amada.
Uma criança nos braços é o deslumbrar da vida, o peso e a leveza do mundo.
Dar à luz é uma dignidade do corpo da Mulher. E dignidade entendida num mundo de justiça e de paz.
Dignidade que ao Homem também pertence.
Conceição Ramos entrega-nos muito dessa luz nas suas telas de Artista e de Mãe.
No traço, na cor, escutamos um canto de embalo, sabemos do tato suave das mãos de uma criança, o seu olhar primeiro, a dádiva tão bela do seio materno.
Arte também é nascer.”
CAFÉ DA MANHÃ
“Ruben Alonso viaja a Sintra (Portugal) donde descubre esta ciudad Patrimonio Mundial por la UNESCO y visita el Palacio Nacional, La Quita da Regaleira y el Palacio de Pena. Finalmente prueba una de las típicas "Queijadas".”
Autor que não foi possível identificar
Determinaram os gerentes deste sítio cada vez pior frequentado chamado Portugal que fosse levantada barragem no Tua. Esquecida qualquer sensibilidade para com a região/tesouro classificado pela Unesco como a 1ª Região de Vinho Demarcada do Mundo, adquiriram, todos nós com eles, o epíteto de selvagens convictos ao ser iniciada, sem informação anterior à UNESCO, obra que já esfaqueou e mais delapidaria da paisagem do Douro Vinhateiro. Única no planeta, única no país.
Na humilhação do país estar tutelado por «estranjas» ao desgovernar o que era suposto gerir eficazmente, subimos degraus: foram postos em risco o trabalho de uma década que beneficiou o turismo local e nacional - as dormidas na zona referida aumentaram de 40 mil para 400 mil semmarketing dispendioso.
Li: “Travem essas ‘mentes brilhantes’ que não conhecem nada do país para além da CRIL, CREL e do ALLGARVE." Subscrevo.
CAFÉ DA MANHÃ
Decretado pela UNESCO. Nos primórdios, havia as galenas que sintonizavam AM, mais tarde, as telefonias como as entendíamos há décadas, as taxas da rádio pagas mensalmente,- de início, sete escudos, depois mais e mais até ao féretro oficioso. Ora escondidos os aparelhos em móveis pomposos, ora expostos para orgulho dos donos, permitiam ouvir o mundo. Invólucros misteriosos que muitos há muito deixavam boquiabertos os ouvintes. Quem estaria lá dentro? Locutores pequeninos? Por esse tempo as ondas hertzianas eram desconhecidas de quase todos. A ciência demorou a ser divulgada em Portugal aos que trabalhavam nos campos ou nas fábricas desde crianças e mal sabiam ler e escrever.
Porque a rádio me permite liberdade no andarilhar por todo o lado que a televisão não autoriza, sempre me declarei ‘menina da rádio’. Até hoje. Legitima a fantasia – como serão os donos das vozes que me enchem o dia? Somente dois conheço e fascinam-me.
Nas populações longínquas das informações atempadas, a telefonia substituía com vantagem as brochuras penduradas em cordas nas feiras. Sem atraso no tempo, as notícias surgiam informando do censurado país e doutros, divulgava música que nos campos eram trauteadas pelos que trabalhavam de sol a sol, enchiam serões reunindo famílias e vizinhos. Nas urbes litorais, os relatos eram ouvidos na praia, as meninas treinavam passos de dança nos respectivos quartos. Mas esta é a realidade dos transístores, aqueles objectos mínimos que acompanham o duche.
CAFÉ DA MANHÃ
Gustavo Fernandes, Manuela Pinheiro
“A decisão da UNESCO foi favorável à candidatura portuguesa e o Fado passou, a partir de ontem, a ser considerado Património Imaterial da Humanidade.” Sinto-me alegre como badalo de igreja ao exultar, oscilando, boas novas.
"Chegaste a horas
Como é costume
Bebe um café
Que eu desabafo o meu queixume
Na minha vida
Nada dá certo
Mais um amor
Que de findar me está tão perto
Leva-me aos fados
Onde eu sossego
As desventuras do amor a que me entrego
Leva-me aos fados
Que eu vou perder-me
Nas velhas quadras
Que parecem conhecer-me
Dá-me um conselho
Que o teu bom senso
É o aconchego de que há tempos não dispenso
Caí de novo, mas quero erguer-me
Olhar-me ao espelho e tentar reconhecer-me."
CAFÉ DA MANHÃ
Malangatana
Milhões a mais ou a menos. Estou/estamos fartos! Ultimatos, demissões antevistas e manobras, sem obra, à vista. Notícia. Contra notícia. Contradições. Contrariedades para quem deseja a calma possível enquanto cidadão, ouvinte, espectador.
Ligar às nove o rectângulo negro, nem sempre, mas ontem, valeu a pena. Mário Crespo convidou quem devia: Malangatana. Dele, conheci a primeira tela num escritório mudado de instalações. Projecto desenhado por querido amigo que doença facínora levou. Eu, catraia e mulher. Olhei a tela e fui estátua. Rectângulo largo e crescido para cima. Variedade simbólica e cromática. Espantosa a simplificação da forma ressaltada do emaranhado de traços. Tempo vivo, aquele, no Atelier do António Inverno.
Um dia, SPNI criança, recebo desenho cortado. Preto em branco. Mirei e remirei. Respondi. Outros vieram. Cadenciados até o todo surgir. Quem enviava? Conhecedor que assim me presenteava/alertava? O autor não era, decerto. Alguém por ele? Não sei. Ocupada noutras andanças, lembro que parou a correspondência feita de imagens. Talvez, sem fuga do mesmo sítio, empinada na diversidade das vagas blogosféricas. Marés vivas, então! Hoje, tranquilas.
O “Artista pela Paz” nomeado pela UNESCO, Malangatana Valente Ngwenya, merece novo título: doutor Honoris Causa atribuído pela Universidade de Évora.
CAFÉ DA MANHÃ
Mark Keller
Mãos e corpos enlaçados, pés ágeis. Dançarinos. No soalho polido, deslizam requebros que as pernas audaciosas trocam e tocam. A sala/palco rodopia com o par. Ela, pescoço erguido, abandona a cabeça para as costas. Ele aperta e soergue-lhe a cintura. Sentem a música, a voz doutrem que, mano a mano, desenha compassos nos passos. Imprevisíveis no arrojo da sensualidade exposta. E na pele da mulher, nua ou coberta por seda justa, meias cruzando redes de sentidos, as mãos dele contornam as fronteiras curvas.
O tango da Argentina e do Uruguai pertence desde o último dia de Setembro ao Património Imaterial da Humanidade. Da UNESCO, a decisão. Celebrada também por Vitorino no novo Cd por via da quase dezena e meia de tangos preciosos. Gardel, Troilo, Jorge Luís Borges e António Lobo Antunes em antologia conjunta. O castelhano e o português, casados arrebatadoramente, atravessam um século de sensibilidade e volúpia. Para a semana, estreia acompanhada pelo Boca Livre Tango Sextet sob a direcção de Ramón Maschio. Cancioneiro novo que já vagueia nas ondas da rádio.
CAFÉ DA MANHÃ
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros