Frida Kahlo – “Meu Vestido Pendurado Ali” “Auto-retrato na Fronteira entre México e Estados Unidos”, 1932
Nem o título me pertence. Está incluído num ensaio de Claudio Carvalhaes sobre a tela de Frida Kahlo "Meu vestido pendurado ali". Por ser tela que sempre me intrigou, fui beber às fontes.
“A referência religiosa nas obras de Frida vinha de povos abandonados e marcados pela pobreza. Em seus quadros e fotos, seus vestidos e colares eram rodeados e mesmo marcados por aspetos religiosos presentes na cultura mexicana. Em seu quadro “Auto-Retrato na Fronteira entre México e Estados Unidos”, seu vestido está ao lado de elementos como o sol, lua, templo, caveira, sangue, o ciclo vida-morte azteca, e outros elementos da terra que servem para compor referências culturais, religiosas e teológicas do México.
Além das expressões religiosas pré-colombianas, a obra de Frida faz fortes referências ao catolicismo popular, como as coleções de milagres, os “retablos”, que Frida guardava. A Virgem Maria e os santos, Jesus Cristo, seu sofrimento e todo o imaginário católico são símbolos recorrentes na sua obra.”
Acerca da mesma tela escreveu também Carlos Drummond de Andrade
“Não serei o poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros.
Estão taciturnos, mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considero a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.
Não serei o cantor de uma mulher, de uma história,
não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista da janela,
não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida,
não fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins.
O tempo é a minha matéria,
o tempo presente,
os homens presentes,
a vida presente.”
De volta a Claudio Carvalhaes. (…)
CAFÉ DA MANHÃ
Jack Vettriano
Para baixo, cansaço na bagagem; para cima, injustiças engendradas por «psis» sábias, pragmáticas, vítimas emotivas, uma delas irredutível.
Em vez da multiplicação dos peixes, narra São João a propósito das bodas na Galileia que a Virgem Mãe, por via dos servos, pediu a Jesus para transformar água em vinho à beira do fim o que desonraria os noivos.
“Como o vinho faltou, a mãe de Jesus disse-lhe:
_ Eles não têm mais vinho.
Jesus respondeu-lhe:
_ Mulher, por que dizes isto a mim? Minha hora ainda não chegou.
Sua mãe disse aos que estavam servindo:
_ Fazei o que ele vos disser.
Estavam seis talhas de pedra colocadas aí para a purificação que os judeus costumam fazer. Em cada uma delas cabiam mais ou menos cem litros. Jesus disse aos que estavam servindo:
_ Enchei as talhas de água.
Encheram-nas até a boca. Jesus disse:
_ Agora tirai e levai ao mestre-sala.
E eles levaram. O mestre-sala experimentou a água transformada em vinho. Ele não sabia donde vinha, mas os servidores sabiam, pois eram eles que tinham tirado a água. O mestre-sala chamou então o noivo e disse-lhe:
_ É servido primeiro o vinho melhor e, quando os convidados já estão embriagados, o vinho menos bom tem o momento. Mas tu guardaste o vinho bom até agora!"
E foi o contrário. O vinho, mais rosé que tinto a partir de águas pantanosas, surgiria demasiado tarde para alegria de convivas embriagados. Alguém se ri neste momento, alguém indiferente, outra pessoa manietada por medo e dependência, a mulher última magoada inelutavelmente. C’est la vie putain!
CAFÉ DA MANHÃ
La Maman et la Putain, Jean Eustache
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros