Terça-feira, 6 de Maio de 2014

CEM METROS, NÃO MAIS

  

Virgil Elliot                                                                                                       Emily Zasada

 

Cem metros. Não mais. Bebericando chá verde, olhava o longe/perto para lá das vidraças entreabertas. Atrevia-se o sol. Dentro, lambia as folhas viçosas de plantas estimadas e reunidas como se foram jardim. E é. Privado, miniatura dos beirões que mesmo de longe me afagam.

 

Cem metros além, chovia. Rasgos azuis no celeste teto nublado legitimavam a contradição de duas estações simultâneas numa só. Café tirado, chávena entre as mãos, pernas nuas estendidas ao beijar quente da luz. Intimidade. Serenidade. Momento feliz. Como outros, como tantos, gravei-o na divisão da memória onde coleciono poemas vividos ao subscrever Confúcio: _ “O que ouço esqueço, mas o que vejo recordo.”

 

No ecrã da sala de cinema que invento, projeto ocorridos consoante a maré determinada pelo meu estado lunar ou soalheiro. Para os demais talvez ridículos sem merecimento. Risíveis, portanto. Todavia, se mais possuo risonhos que lúgubres, nenhum escapa a serventia – o filme deste pecúlio desfila amiúde mal o silêncio é companhia.

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

publicado por Maria Brojo às 09:00
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