Dum Homem unido por afecto amigo e admiração, o texto publicado no último número da “Volta ao Mundo”. Nas bancas, para o seu, nosso, deleite.
“Hong Kong, via Macau. O jet-fuel no tom pardo da água, o deslizar tranquilo na espuma branca e oriental. A humidade que se cola nas páginas adormecidas, agentes e vilões em traje de verão.
A fronteira. James Bond procurando um Rolls Royce ou molhando o mármore de um qualquer five stars hotel.
Autocarros de dois andares made in Portugal, matrículas com iniciais de nomes, combinações de números que se compram em leilões de sorte.
No alto, a neblina de Victória, a geometria alterada do Bank of China, barcos e, mais tarde, néons concentrados no asfalto. A fadiga e o calor, líquidos que se esvaem em horas intermináveis de passeio. Ao jantar, cobras em gaiolas como lagostas em aquário, o fumo das ruas, o vermelho intenso em cada cabeça de dragão. Olhos amendoados e saias mini. Muito e muitas. Figuras saídas de mais filmes e memórias comem ostras, bebem chá.
É noite. A baía então acontece numas 1001 noites transferidas de Bagdad para outro extremo do mundo. Um barco, multidões dançando em soft music. Pares que se beijam, iguarias que se varrem numa contabilidade a acertar. Na coberta, um vento quente, talvez brisa, no espelho aquático que nos enche os olhos. Todas as marcas no mais ocidental da China, o poder em moeda forte. O nome do ex aeroporto, Tai Pek, como nos calendários adormecidos na Lisboa donde se partiu.
O gigantismo dos terminais, a nova porta, Cathay Pacific, London Heathtrow.
Na babilónia cruzam-se as rotas que não virão num dia outro. A noite pesa. Num banco anónimo da turística, ecrã diante, voando já como aprendiz de pássaro. Agora.”
Fernando Jasmim, in Volta ao Mundo, nº177, Julho 2009
CAFÉ DA MANHÃ
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros