Sábado, 16 de Novembro de 2013

FUTEBOL - MAL ME QUER, BEM ME QUER

 

 

Autor que não foi possível identificar

 

Gosto de desporto, pratiquei alguns durante três décadas com entusiasmo e dedicação. Não sei se pelos relatos na rádio que em menina me eram impingidos aos domingos enquanto o senhor Marques, soldado e «impedido» da casa, lustrava com energia e solarina os dourados das fardas do pai, ter criado desgosto pelo futebol. Recordo um objeto de madeira onde os botões encaixavam para serem reluzidos sem que pingo gorduroso do químico deixasse marcas nos tecidos. Aninhava-me ao pé dele, conversava e ouvia-lhe as histórias. Não tardou, fiquei amiga dos filhos, sendo que o mais próximo em idade é hoje entidade respeitada na ciência em Portugal e noutras bandas que ao mundo pertencem. Como não era destituída de curiosidade e entendimento, muito lhe devo por motivações que absorvi e permanecem.

 

Deve ter sido por essa altura, que reinando o Futebol Clube do Porto em casa, adotei simpatia, jamais disso passou, pelo Benfica idolatrado pelo avô julgo que à conta do Eusébio. Curioso era assistir a desafios entre os dois clubes no convívio amigável e bem-humorado dos avós e dos pais – a mãe tornou-se portista ferrenha, enquanto à avó tanto se lhe dava. A mãe bordava, a avó dormitava. Os golos dum ou do outro clube eram aplaudidos por todos; a tal chegava o amor familiar. Esta tolerância aprendida cedo viria a integrá-la na personalidade que desenvolvi. Não me queixo.

 

Problema foi ter absorvido superstição, logo eu que a rejeito em qualquer forma e nela evito cair, de enviar «malapata» ao clube do meu coração, a Académica, se jogava. Não ouvia relatos nem via os desafios pela televisão, convencida que perderia pela certa se um mau-olhado algures em mim alojado interviesse. Ficou-me a mania. Ainda no presente, recuso saber de jogos da seleção nacional ou do Benfica ou da Académica. Ressalvo os resultados obtidos que após me preocupam e investigo. Pior: diverte-me ouvir os comentários dos «doutores da bola». Utilizam jargões suntuosos. A propósito do confronto da nossa seleção com os nórdicos, captei este: _ “O Ronaldo teve de comer a relva para marcar o golo.”

 

Ganhando a seleção por um «tento» - outro termo que adoro do «futebolês» –, sorri ainda o sábado nascera nem há meia dúzia de horas.

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

publicado por Maria Brojo às 08:06
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