Deborah Poynton, autor que não foi possível identificar
A necessidade de consolação existe em todos nós. Por maior que tenha sido o caminho num modo de estar objectivo e pragmático, restam sempre vestígios de tempos passados, de uma infância distante em que acordávamos sobressaltados e transidos de medo. Essa ânsia de acalmia, essa necessidade de uma presença maior e mais poderosa que esconjure o que nos incomoda, que escorrace o que nos magoa, permanece.
Todos queremos colo. Um colo doce, terno, enorme e seguro. Um colo cheiroso que nos abrigue de todas as intempéries. Ser ‘grande’ tem algumas das vantagens sonhadas na infância e adolescência, inconvenientes que não faziam parte da ilusão, entre os quais a falta de colo, a protecção doutros maiores e melhores. Descobrimos que no mundo dos ‘grandes’ que a consolação reside apenas e só naquilo que cada um é capaz de inventar como lenitivo. Muitos ocultam os lamentos da criança insegura arrecadada cá dentro. Mastigam-nos. E sem largarem a idealização do aconchego seguro e caloroso, refugiam-se nela, incapazes de afrontar os problemas do dia-a-dia.
Se a orientação do discurso de tomada de posse do Presidente era apaziguar os sacrificados portugueses, mobilizá-los para dinamizarem esperança e reabilitação nacional também através de intervenções cívicas, falhou. As palavras apelaram à confrontação social, nomeadamente, juvenil. Discurso vazio no pendor cultural e humanista – meia dúzia de lugares-comuns por demais ouvidos doutros hipócritas que, sem nada terem feito ou fazerem para esbater desigualdades no povo, enchem a boca com elas.
Duvido se os ‘grandes’, que a tempo resolveram idealizações infantis, ao ouvirem o débito presidencial nele tenham encontrado razões positivas para riscarem do quotidiano o tecto da abulia/refúgio e a vontade de colo novo por cada um conquistado.
CAFÉ DA MANHÃ
Quanta diferença um dia faz!
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros